Encontros Casuais - Part IV



Na última semana vários foram os impulsos que o levaram a pegar no telemóvel para lhe ligar. Ela não lhe saía da cabeça, sabia que aquela sensação desapareceria depois de provar o fruto desconhecido, mas não queria ser demasiado precipitado. Sabia bem o que procurava, um pouco de divertimento e gozo mas não mais do que isso. Bastara-lhe um casamento fracassado pela fraqueza da traição e não estava disposto a que deixar que voltasse a repetir-se.
E no entanto os sonhos com aquelas curvas secretas passaram a ser uma constante, quer estivesse ou não a dormir. A imaginação soltava-se de si sem que conseguisse travá-la, a necessidade crescia-lhe e sabia que era urgente saciá-la.

Voltou a colocar o telemóvel no bolso, pegou na pasta e dirigiu-se à sala de reuniões. Hoje era um daqueles dias em que lhe apetecia tudo menos passar uma tarde inteira a escrutinar os temas do momento, entrando em espirais de ideias absurdas que não levariam a conclusões algumas. Tomou o seu lugar no topo da mesa oval, recostou-se na cadeira e viu os vários intervenientes ocuparem os seus lugares. Iria ser uma tarde longa.

Suspeitou, sem saber bem porquê, quando viu o homem grisalho entrar. Ela entrou logo de seguida. Talvez afinal a tarde se viesse a revelar bem mais agradável do que previa.
Envergava um tailleur de saia, cinza acetinado, com uma camisa preta que lhe dava um ar autoritário e demasiado atraente. Trazia o cabelo apanhado num rabo-de-cavalo e óculos de massa preta. Percorreu-lhe as linhas discretamente, era uma mulher extremamente elegante e mais alta do que o normal. Calçava uns sapatos de salto alto pretos envernizados, um pormenor que não lhe escapou dado o sublime atrevimento que denotavam.
Durante as horas que se seguiram observou-a a falar. Era firme e assertiva, e não fosse pelo movimento com a caneta que talvez mais ninguém tivesse notado, não lhe perceberia o nervosismo. Por algumas vezes os seus olhos cruzaram-se, numa dança sensual e invisível para os demais.

O sol já se tinha começado a pôr quando a reunião terminou. Queria falar-lhe, convidá-la para jantar, mas fora apanhado por um dos colegas e ela saíra antes que o pudesse ter feito. Isso irritara-o de forma particular.

Descobriu-a minutos depois sentada no seu gabinete. Esperava por si.
Sem frases complexas ou discursos justificativos, sorriu-lhe. Ficou surpreendido mas agradado pela audácia dela. Claramente era uma mulher decidida que sabia o que queria. Tal como ele.
– Conheço um restaurante de Sushi no Guincho, tens fome? – Disse-lhe ela.
– Quatro ou duas rodas? – respondeu-lhe.

Acertou na escolha, mas por algum motivo também não duvidava qual fosse. Ela quis passar em casa para mudar de roupa e deixar o carro. Não o convidou a subir.

Seguiram de mota com ela abraçada à sua cintura. Conseguia sentir o corpo dela colado às suas costas e levado por aquele contacto erótico e sensual deixou a mota seguir a uma velocidade calma, queria prolongar a sensação de proximidade.

Conversaram e riram, enquanto saboreavam o sushi à beira mar. De calças de ganga e um top preto simples, já não tinha a imagem de executiva, mas a pose intimidante continuava lá.
Não se iludia com ela. Era demasiado óbvio o seu estatuto para que se pudesse iludir. E ela era uma mulher que sabia como seduzir um homem. Qualquer homem. E ele deixar-se-ia seduzir por ela, queria-o, precisava que ela o seduzisse. Hoje precisava disso.

Esta noite não iria sozinho para casa… esta noite, ela acompanhá-lo-ia…

15 Diabruras:

Anónimo disse...

Deixas-me curioso com o desenrolar da história...

...sentado à espera de mais...

:)

EU SOU EU disse...

uhm...adoro a maneira fluída...e simples da tua escrita...adorei a "história"... quando encontrares essa mulher... diz-lhe para vir tetr comigo... gosto muito de sushi...e conversar...hehehhe
Muito bom o post...

Roxanne disse...

adoro o clima de sedução que está presente no desenrolar da história... adoro esse clima de provocação/sedução, meio subtil, apenas a dois, sem ataques directos, demasiado agressivos...
adoro a sensualidade desta tua história! =D

Unknown disse...

Gostei bastante...escreves muito bem, sabes escolher cada palavra:) Bj!

A Loira disse...

Adoro como escreves, prende-me à história. Paras na melhor parte e isso deixa-me sempre curiosa.

Sofia disse...

Estou a adorar...quem sabe estes exercícios um dia não se transformam em livro?
Continua, por ti e pelos teus leitores:)
Bj enorme

Cláudia disse...

Falaram-me do teu blog e está simplesmente fantátisco.
Vou dar uma vistinha de olhos pelos posts antigos.

Esta história está fantastica e transpira sedução... E o que eu gosto de jogos de sedução!

Louise disse...

EU SOU EU, o recado será passado ;)

Roxanne, obrigada. A ideia é essa... sensualidade mas sem agressividade.

Rita G., muito obrigada :)

Louise disse...

Vera, a Loira, a curiosidade é sempre um excelente preliminar ;)

sofia, muito obrigada... mas não exageremos :P Mas sim, pretendo continuar...

Cláudia, bem vinda ao clube. E obrigada ;)

Purple disse...

Estou a adorar esta história...fico curiosa por ler a próxima parte.

Beijinhus

Li disse...

Olá Louise,
acho que também já sei quem és...
Daqui a nada estaremos a fazer um ano né? ;)
Beijinhos grandesssss e bom recomeçooooo!!! :D

Ps: Como sempre tens uma escrita que deixa muita gente a desejar por mais e muito mais!! ;)

Louise disse...

Obrigada Li :)

Anónimo disse...

Há coisa de um mês estive no Guincho para um retiro, infelizmente não houve sushi nem motas mas o local é inspirador para muitas coisas :)

E vá lá que à quarta o homem conseguiu a merecida companhia para casa :)

Bjs

Anónimo disse...

Eu sou como esses pedestres ...
Disputo espaços com as máquinas ....
*.*
Gostei daqui !
bj

Vontade de disse...

Ahhhh assim o bichinho da curiosidade morde.

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Agradeço desde já tudo* aquilo que o diabo dentro de ti possa ter para dizer...

*excepto tudo aquilo que o diabo dentro de mim não concordar

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