Primo Moduli - Capitulo 3

(continuação daqui)

Deu por si caída na relva, com aquele pedaço de papel amachucado na mão e as lágrimas, já secas, no rosto. No fundo sabia que isto iria acabar por acontecer, sabia que um dia regressaria a casa para receber a notícia que tanto temia. Ele nem tivera a coragem de lhe dizer na cara o que lhe ia na alma.


Ao invés colocara em papel palavras vazias e estranhas que lhe dilaceraram o interior. Era inevitável, supunha. E ela tentara minimizar a importância daquela folha quando ele lha entregara, numa última tentativa de o demover daquilo que sabia que estava prestes a fazer. E que não teria retorno possível.

Mas e agora? O que lhe restava agora? Olhou na direcção da porta aberta, da porta da casa que agora se agigantava sobre si, e sentiu-se quase sem forças. Não queria enfrentar aquilo, não era justo que o destino a obrigasse a isso.

Subitamente deu-se conta que, apesar de tudo, se sentia aliviada. Já não tinha nada a temer porque afinal o seu mundo perfeito acabara de se desfazer. Os dias repletos de dúvidas acabariam, as incertezas sobre se ainda restaria alguma esperança cessariam e já não teria de se perguntar se ele ainda a amava. Agora já sabia as respostas a todas essas questões.

Levantou-se determinada a não ceder à depressão que teimava em querer apossar-se de si. Não se iria agarrar a esperanças vãs, não iria continuar agarrada a algo que já terminara há muito tempo.

A revolta começava agora a irromper do fundo do seu ser. Tinha-lhe dado tanto de si, tinha abdicado de tudo por ele, para que o casamento terminasse assim, com uma carta… sem palavras… sem sequer um pedido de desculpas.
Entrou de rompante em casa, pegou na mala e nas chaves do carro que deixara cair ao chão aquando da leitura da carta, e voltou a sair.

Uma vez no carro ponderou as suas possibilidades. Não podia recorrer à família mais próxima, não estava de todo preparada para o chorrilho de perguntas que tinha a certeza que lhe seriam colocadas. A melhor amiga encontrava-se ausente da cidade e não confiava em mais ninguém para confidenciar tal escândalo na sua vida. Ainda assim não queria voltar a entrar naquela casa, sabia que lhe seria demasiado doloroso.

E foi então que, sem saber bem como ou porquê, ele lhe veio ao pensamento . E num breve segundo todos os problemas, toda a antecipação do escândalo e do sofrimento passaram a ser uma realidade paralela. Sentiu-se à parte daquela vida, queria estar num plano que não aquele.

A escolha não foi, de todo, difícil. Sem sequer se aperceber estava parada no local do qual tanto tinha lutado para se manter afastada.

(Continua... Aqui)


(Uma parceria by Louise & Ulisses)

10 Diabruras:

Anónimo disse...

Louise,

Deixa-me só reiterar-te uma coisa:

Está a ser um verdadeiro prazer escrever em conjunto contigo.

Obrigado

:)

Roxanne disse...

isto está a correr bem! =D

A Loira disse...

Ulisses e Louise,

Deixem-me só frizar isto. Vocês são as duas pessoas, de todos aqueles que li até hoje na blogosfera que melhor escrevem. E esta parceria não poderia ser melhor. Deveria ser lida por muitas mais pessoas.


Louise,
Adorei a parte final, into promete...

Louise disse...

Ulisses, obrigada eu ;)

Roxane, concordo contigo... :D

Vera, muito obrigada e penso que posso falar pelos dois.

Purple disse...

A história está muito interessante.

Parece-me que esta vossa parceria tem tudo para dar certo ;)

Beijinhus

Sofia disse...

Agora o Ulisses que continue...depressa...
tem leitores ávidos à espera:)
Bj para os dois

Vontade de disse...

Hum... a mente tem ideias más. Lembra-nos de pessoas que julgáramos esquecidas num momento inimaginável.

Gosto gosto, continuem...

Jaime Piedade Valente disse...

uma espécie de eterno retorno?

retiro o que disse... disse...

Já nem me lembro da última vez que saí para jantar... bem acompanhada, digo.

Bj*

carpe vitam! disse...

o link está para a página principal, não para a continuação do texto. o link correcto será http://aluxuriadeulisses.blogspot.com/2010/07/primo-moduli-capitulo-4.html

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Agradeço desde já tudo* aquilo que o diabo dentro de ti possa ter para dizer...

*excepto tudo aquilo que o diabo dentro de mim não concordar

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