Primo Moduli - Capitulo 13

(continuação daqui)

Ficou à espera que Jorge dissesse alguma coisa, mas ele permaneceu com a mesma expressão calma e tranquila como se nada do que lhe dissera importasse. Finalmente falou.

- Confesso que nunca pensei que fosse o Nuno – disse-lhe mantendo um sorriso, que ela não sabia se seria de sarcasmo ou algo diferente.
- Que fosse o Nuno? Como assim?
- Posso saber há quanto tempo exactamente dura isso?
Isabel ficou atónita com a pergunta de Jorge. Julgaria ele que…
- “Isso” não existe. Ou melhor, aparentemente, existe apenas na tua cabeça. Aconteceu ontem, pela primeira e ultima vez. – sentia o sangue a fervilhar-lhe nas veias, sentia-se ultrajada por ele pensar que ela pudesse ser capaz de tal coisa – Não sei onde foste buscar a ideia ridícula de que eu tenho ou tive um amante.
- Porra Isabel! Queres que acredite que, durante todo este tempo em que eu não te toquei e tu não me procuraste, não ias ter com alguém que te desse o que obviamente eu não te dava?!
Meu Deus, onde tinham chegado! Ela via-lhe agora um fogo e uma raiva no olhar que deixara de ver há já muitos, demasiados, anos.
Ele realmente pensara que ela procurar o afecto e o carinho que ele deixara de lhe oferecer com outro alguém. Como estava enganado. Como era possível que não visse o óbvio.
- Por muito estranho que te possa parecer, foste o único homem quem eu alguma vez amei… que ainda amo. – falava agora com uma serenidade e certeza na voz que ela própria não reconhecia – Nunca tive ninguém, e se não te procurava era apenas porque assumi que não querias ser procurado.

Ele não falou. Encostou-se para trás e ficou a olhar para ela. Um olhar enigmático, penetrante. Há quantos anos deixara de a olhar e de a ver realmente…

- E ontem com o Nuno?
- Ontem foi um erro. Não sei o que me deu para o procurar. Acho que estava demasiado frágil e carente. Acho que precisava de me vingar de ti… daquela carta. Pensei que me ias deixar, pensei…
- Desculpa.
Ela olhou para ele e acreditou na veracidade e honestidade do seu pedido de desculpas, apesar de não saber exactamente a que se referia. Não soube o que dizer.

Ficaram ali, calados, olhando nos olhos um do outro. Ela não dizia nada porque não sabia o que dizer.
Continuaram a comer em silêncio, esperando talvez que os problemas cessassem de existir pelo simples facto de não serem falados.

Ambos tinham cometido erros. Ambos sabiam disso. A única questão que agora se colocava era se esses erros tinham ou não relevância. E não eram unicamente os erros da ultima noite, até porque esses seriam, talvez, os menos importantes.

(Continua... Aqui)


(Uma parceria by Louise & Ulisses)

*pic by deviantart

Muito em breve...

Orgulho e Preconceito Vs Sensibilidade e Bom Senso

Muitas vezes sou considerada uma feminista. Hoje em dia penso que poucas mulheres não o serão.
E, apesar de não levar a questão do feminismo ao extremo, considero que o papel da mulher na sociedade é cada vez mais relevante. Sou apologista, como é perfeitamente natural, da igualdade de direitos entre ambos os sexos aos mais diferentes níveis.

Agora, o que me faz uma certa comichão – chamemos-lhe assim – no meu lado feminino (não no feminista, atenção) é o facto de se querer misturar alhos com bugalhos. Ou seja, o facto de uma mulher querer direitos iguais não invalida, na minha opinião, que continue a existir o senso de cavalheirismo e educação.

Claro que muitas mulheres (e homens certamente) poderão não partilhar da minha opinião, mas no que me diz respeito eu aprecio as regras um pouco mais conservadoras referentes ao tratamento de uma senhora.

Gosto quando um homem tem a amabilidade de me segurar a porta, aprecio quando tem a delicadeza de me deixar entrar primeiro no elevador, fico deliciada quando revela uma qualquer atitude de cortesia. É que, muito mais que o simples facto de me sentir beneficiada ante qualquer uma dessas situações, eu prezo a constatação do civismo e boa educação das pessoas que me rodeiam.

E não menos importante – e talvez um pouco mais difícil de ser compreendido por alguns homens – é o facto de qualquer mulher gostar de ser cortejada. É que o cavalheirismo é uma forma de dar uma atenção especial de forma subtil e correcta a qualquer senhora. Não estou a falar, claro está, de um galantear directo ou com um propósito directo, mas antes de uma forma discreta de apreciar e de valorizar qualquer mulher.

É que nós, mulheres, gostamos disso. E, regra geral, até retribuímos a simpatia quanto mais não seja com um sorriso verdadeiramente sentido.

Preguicite Aguda

Isto de entrarmos em modo férias quando ainda não estamos realmente de férias não é, de todo, das melhores coisas que nos pode acontecer.


Resultado: muito pouca vontade para trabalhar, ansiedade extrema para que as ditas férias efectivas cheguem o mais depressa possível e muita vontade de ir para a praia sobretudo tendo em conta o calor que se vai fazendo sentir.

Ai ai...

Encontros casuais - Part X



Sofia nem queria acreditar que se tinha deixado arrastar para uma situação tão estupidamente absurda. O que começara por ser um simples favor a um amigo tornava-se agora muito mais que isso. O quê exactamente nem ela mesma sabia ao certo.

Sabia apenas que deixara de ser apenas um favor naquela primeira noite no apartamento dele.

A razão dizia-lhe que deveria afastar-se o quanto antes de Rafael, mas infelizmente a racionalidade já não parecia fazer parte das suas faculdades mentais. Tinha tido a oportunidade perfeita para sair do jogo mas quando ele correra atrás dela à porta da discoteca, desprezando por completo o próprio orgulho, Sofia simplesmente não conseguira fazê-lo.
E agora por mais voltas que desse à cabeça não fazia ideia de qual o próximo passo a dar.
Nunca imaginara que, depois da aventura de uma noite, ele quisesse voltar a vê-la. Imaginara ainda menos que ela própria tivesse desejado tanto que assim fosse.
A forma como Rafael fazia amor com ela, a forma como ele se entregava a ela sem reservas ou inibições, era algo que a tinha abalado de forma quase assustadora. A conexão que sentia com ele não fazia sentido nenhum, mas sabia que ainda não queria que acabasse. Queria prolongar o que quer que pudesse ser prolongado.

Agora só tinha de decidir entre contar-lhe a verdade ou garantir que ele não descobriria que os seus caminhos não se haviam cruzado por casualidade. E, a julgar pelo passado dele, não acreditava que Rafael aceitasse pacificamente a segunda opção.
Quando Pedro lhe contara a traição que levara o casamento de Rafael terminar nunca pensara que ela lhe pudesse vir a fazer o mesmo. Mas agora que pensava nisso, uma traição era uma traição independentemente da forma como era consumada. E, apesar de ter aceite seduzir Rafael apenas como uma aventura de uma noite, era como uma traidora agora que se sentia.

Decididamente, chegara à conclusão que ele jamais perdoaria outra traição. Tinha de conversar com Pedro e explicar-lhe que, o que começara como um divertimento, já não o era para nenhum dos dois.

Tinha de garantir que Rafael não saberia acerca do acordo entre ambos.

Primo Moduli - Capitulo 11

(continuação daqui)

Acordou sem saber exactamente onde se encontrava, mas aos poucos recordou-se dos eventos das últimas horas. O sol estava alto e brilhante. Não conseguiu perceber onde se encontravam, à sua frente a auto-estrada rodeada por escarpas altas carregadas de árvores e florestação.
Olhou para ele mas não disse nada. Ficou ali, parada e quieta, a observar-lhe o perfil. Sentia-se segura ali com ele, mesmo sabendo o que havia acontecido. Queria falar mas sentia um nó na garganta. Queria salvar-se, salvá-los a ambos, mas será que Jorge o permitiria? No meio desse pensamento uma dúvida instalou-se-lhe no pensamento.
- Porque é que estamos aqui? Porque é que quiseste que eu viesse ter contigo?
Jorge olhou para ela, um olhar fundo e penetrante. Olhou-a e ela soube, pela primeira vez em tantos anos, que a estava a ver.
- Sabes, nem sei bem o porquê. Sei apenas que era a única coisa que me parecia bem.

Não disse mais nada, não lhe pediu explicações, não lhe fez perguntas desnecessárias. Afinal, o que importava o porquê? Estava ali com ela e isso já era alguma coisa. Será que… Não!
Impediu aquele pensamento, aquela pergunta, de se formar no seu consciente. Não queria e nem podia permitir-se a tal.
Por agora bastava-lhe estar ali com ele. Bastava senti-lo ao seu lado.
- Tens fome? – perguntou-lhe com uma voz que não reconhecia
- Sim, bastante.
- Então vamos ver se encontramos um sitio decente para comermos.

Percebeu que estavam o norte de Espanha. Pensou na ironia da situação. Havia-lhe pedido tantas vezes para fazerem uma viagem a dois para aquela zona e haviam sempre adiado por razões que nem se conseguia recordar. E agora, quando o casamento parecia estar a terminar, tinham finalmente viajado até ali. A vida era realmente repleta de escárnio e incertezas.

Jorge parou o carro numa vilazinha pitoresca. As casas alinhadas e compostas dispunham-se em cores neutras e calmantes. Por alguma razão sentiu-se calma ali, sentiu-se como se, afinal, os problemas pertencessem apenas a um sonho longínquo e irreal.
Jorge saiu do carro e Isabel seguiu-lhe o movimento.

Inspirou fundo e olhou à volta. Não sabia bem como tinham acabado ali. Mas sabia que não iria desperdiçar a oportunidade.

(Continua... Aqui)


(Uma parceria by Louise & Ulisses)

Quando menos esperamos

E por vezes, quando menos esperamos, algo acontece.


Porque às vezes a vida também tem disto e nos surpreende de forma positiva. Porque às vezes apercebemo-nos de que a vida não é só desgostos ou crueldade mas tem destas coisas: coisas boas que nos fazem querer viver mais e melhor.

E felizmente a vida tem-me agraciado com algumas ofertas de quando em quando. E será que isto não acontece com todos nós? Talvez o segredo esteja apenas em saber aceitar e apreciar estas pequenas coisas que nos são ofertadas de forma espontânea quando menos esperamos.

Porque por vezes, quando menos esperamos, algo acontece.

Uma longa viagem - para Fábrica de Letras

Seguira a rota do destino sem sequer duvidar de que era esse o rumo que teria de seguir. Cumprira as regras e focara-se nos objectivos que a família lhe havia colocado sem nunca colocar em causa a obrigatoriedade dos mesmos. Licenciara-se, casara-se e progredia na carreira como era expectável que o fizesse.


Mas, indubitavelmente, sempre sentira que havia qualquer coisa que lhe faltava. Era como se houvesse uma porta na sua vida que apenas conseguia vislumbrar pelo canto do olho e para a qual nunca tivera a coragem de olhar de frente, sequer pensar em abri-la.

Mas com o concretizar de cada um dos objectivos a que sempre se dispusera sentia a necessidade, cada vez mais forte e premente, de olhar na direcção da porta que se agigantava no seu pensamento.
E, no fundo do seu ser, sabia que o que se encontrava por trás dessa porta, apesar de desconhecido, seria o oposto daquilo que estava aquém dela. Lamentava a cada dia que passava que não tivesse, ainda, a coragem de se voltar e que mais um dia passasse em que a porta permanecia fechada.

O peso na sua consciência era cada vez maior, mais sufocante e aterrador, e dava por si a não conseguir concentrar-se na sua vida actual e nos objectivos futuros. Ao fim de algum tempo já nada fazia sentido, já nada importava a não ser o descobrir o que estaria por trás daquela porta pesada e imponente.

E naquela manhã decidiu. Colocou toda a sua vida presente em suspenso e, num acto necessitado, decidiu abrir a porta que já não mais poderia ser ignorada.

Olhou para lá dos limites do seu presente. Aguardava-a uma longa viagem…

Para Fábrica de Letras


De volta

E depois de uma ausência semi prolongada, eis que o Diabo volta cheio de força e muita inspiração.

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