Para cabra... Diaba!


As mulheres, por vezes, são umas verdadeiras cabras.
Atenção que não estou a fazer uma generalização, mas acredito que quando querem as mulheres sabem fazer qualquer outra pessoa à sua volta sentir-se mal.  Claro que há mulheres que querem mais vezes do que outras.
E algumas querem sê-lo todos os dias, todos os minutos, todos os segundos… com determinados alvos.

Claro está que, quando o diabo dentro de mim se chateia a sério, consegue ser pior que uma cabra.

Razão ou Frustração


Eu até percebo que, ao final do dia de trabalho, o pessoal se sinta frustrado e queira descarregar as frustrações do dia, quiçá da vida inteira, em quem com eles partilha a estrada – ao contrário da crença dessas pessoas de que a estrada é apenas e exclusivamente sua e que mais ninguém a deveria utilizar.
Agora logo pela manhã eu não consigo compreender.

Logo cedinho, em que ainda nem sequer deu tempo para acordar devidamente e consequentemente a capacidade de raciocínio está a meio gás, a malta devia estar mais calma, mais relaxada.  

Não deviam estar predispostos a chatear o resto do pessoal que também tem de circular pelas estradas fora. Não deviam fazer asneira e ainda reclamarem e oferecerem porrada quando chamados à atenção. Sim, porque muitas vezes uma buzinadela – para quem possa não saber – significa apenas um aviso, um alerta para uma eventual distracção. É que muitas vezes a buzina é a única forma de avisarmos os outros condutores da nossa presença ou de que algo está mal.

E a mim chega-me perfeitamente um gesto em sinal de “desculpe, estava distraído(a)” e a coisa fica por ali.

Mas não! Claro que não. É obrigatório espavorir, reclamar e até ofender. E admitir que nos distraímos?! Isso é que nem pensar. Nós estamos sempre correctos e os outros errados.

E porquê? Porque somos uns frustrados de merda que temos de descarregar o nosso péssimo humor em alguém e dar asas ao nosso Id e aos nossos desejos de sermos uns perfeitos cretinos.

Eu por mim falo.

*Pic by deviantart

Estado de Espirito

*Pic by Deaviantart

Silêncio por favor!

O silêncio incomoda. O silêncio é sinónimo de que algo não está no eixo correcto, de que algo se passa e esse algo é grave. E torna-se imperativo quebrar essa barreira invisível para que as coisas voltem ao seu rumo. Para que a tensão seja quebrada, para que nos voltemos a sentir no nosso meio.
Não, o silêncio não é de todo ansiado. O silêncio transporta-nos aos nossos próprios pensamentos, aos pensamentos gritantes e não menos fastidiosos que nos atormentam e nos fazem dar conta de como somos mesquinhos e insípidos.
O silêncio é para ser quebrado, as palavras devem ser expelidas de forma inóspita e rápida antes que nos sufoquem atravessadas na goela.
E todos os motivos - ainda que sem razões - são desculpas aceitáveis para quebrarmos o silêncio que tanto nos incomoda. Porque nesse silêncio é que não podemos ficar, porque os sentimentos que nos fazem definhar devem e têm de fazer definhar outros que não nós mesmos.

E se ao menos nos sustivéssemos uns momentos no silêncio, poderíamos quiçá constatar que o silêncio é libertador, é apaziguante, é rejuvenescedor. Que sara muito mais do que palavras ensurdecedoras e amargas.

Também eu já fui assim, conhecedora de todas as verdades exactas do universo. Senhora da razão e do ímpeto de proferir exactamente o que os outros mereciam ouvir. Senhora da honestidade directa ainda que cruel, porque comer e calar é que nunca, jamais.

Hoje vejo o mundo à minha volta de forma diferente. Aprendi a embarcar o silêncio quando nada mais me é pedido. Porque eu sempre fui amiga intima dele e porque os demais têm o direito de, também eles, o serem. Aprendi a não regurgitar palavras estéreis e podres apenas para me sentir melhor no imediato – mas nunca mais para além disso.

E sabem que mais? O silêncio só me trouxe felicidade, calma e tranquilidade. Embraço-o de forma leve e solta sabendo que, afinal, o silêncio não é de estanho ou latão, nem tão pouco de cobre ou de prata mas que é mesmo, completa e intrinsecamente, de ouro.

Primo Moduli - capitulo 17

(continuação daqui)

Já não mais sentia frio. Já não sentia o vazio ou a angústia, o terror ou o pânico. Ao invés sentia o calor, não seco mas húmido, sentia a calmaria própria de quem absorve todas as sensações de forma profunda e penetrante.
E como ela sentira todas as sensações. Como ela o havia sentido; como se havia feito sentir. Nada até àquele momento a fizera sentir tão viva, tão completa. Tão perfeita.
Sentia-se finalmente renascer largando, por fim, um mundo errático e duvidoso. Um mundo do qual sempre sentira não fazer parte mas que teimava em reclamá-la.
As dúvidas e incertezas ficariam para trás, não permitiria mais que se apossassem da sua vida, dos seus actos, dos seus pensamentos.
Hoje acordara sentindo-se, finalmente, ela. Hoje era o dia em que a sua vida começaria.

Espreguiçou-se na cama com cuidado para não acordar Jorge, esticou os braços, o torso; inspirou fundo e deixou-se entorpecer pelo cheiro agridoce daquele quarto de hotel… pelo cheiro dele.
Mas, e apesar do cheiro dele estar entranhado nos lençóis e em si própria,  Isabel apercebeu-se da ausência do seu corpo.

Sentou-se na cama, tapando-se com o lençol, tentando que os olhos se adaptassem às brumas da divisão. Observou os resquícios dos momentos da paixão acesa que ambos haviam vivido umas horas antes. Roupa espalhada pelo chão, os sapatos perdidos aqui e ali… o ar erótico que ainda pairava sobre si.

Tentou ouvir algum tipo de barulho da casa de banho. Ouviu apenas silêncio.
A porta encontrava-se entreaberta e a luz acesa.

Não soube o que poderia ter causado isso e nem porquê, mas um sentimento de desconforto tomou conta de si. Tentou ignorar a sensação, mas a ausência de barulho a cada segundo que, agora, passava vagarosamente só a faziam aumentar.
Agarrou os joelhos contra o peito e tentou, com mais cuidado, escutar os ruídos na madrugada. Ouviu a sua própria respiração... lenta… calma… mais rápida… mais pesada…

Saiu da cama devagar, agarrou na camisa de Jorge que se encontrava caída no chão e vestiu-a.
Parou um instante e ficou ali, quieta e inamovível, presa a um momento que não queria que cessasse. Aquela sensação apoderava-se de si de uma forma que não compreendia, era algo instintivo sem razões ou causas. Simplesmente era. Abraçou-se a si própria numa tentativa, inconsciente, de se proteger de algo. Precisamente do quê, não sabia.

Passo lento após passo lento, inspiração após expiração, caminhou em direcção à porta da casa de banho. Sentia o próprio peito… subia e descia agora a uma velocidade rápida e excitada… angustiada.

Mais tarde lembrar-se-ia, olhando para trás, que era como se tivesse abandonado o seu corpo e conseguisse visualizar de fora cada movimento seu. Aproximou a mão da porta com receio, com mágoa, com descrença… e, de forma quase imperceptível, empurrou-a para que se abrisse.
Nada, jamais, a poderia ter preparado para a cena que se lhe apresentava à frente. E no entanto ela já o adivinhara.

O corpo nu de Jorge jazia no chão. Perto de uma das mãos, um frasco vazio. 

(Continua... Aqui)


(Uma parceria by Louise & Ulisses)

*Pic by deviantart

Estado de espirito do dia

Idealistas

Cresci a ouvir que a minha era a geração rasca. Que éramos uns perdidos nas drogas, que não tínhamos educação nem valores, que nos faltava o braço forte do pré 25 de Abril. Tínhamos liberdade a mais e não respeitávamos os limites do socialmente aceite. Vestíamo-nos com roupas rasgadas, ouvíamos batucadas em vez de música e éramos respondões para os mais velhos. Cresci a ouvir que não íamos ser ninguém, que íamos constituir uma sociedade podre e vazia de moral.

Mas afinal, parece que não foi bem assim. Éramos jovens, tivemos as nossas tentações como todas as gerações devem ter, tivemos a nossa quota de irresponsabilidade e gozo, mas afinal não nos saímos assim tão mal.
Independentemente do que possam dizer, e eu sempre acreditei nisto desde adolescente, nós não fomos a geração rasca. Os que conseguiram sobreviver à miríade das drogas e outros que tais tornaram-se adultos com ambições e sonhos, e ainda que as dificuldades dos tempos que correm pareçam abalar esses mesmos sonhos, a perseverança e fé não são destronadas.

Somos uma geração de idealistas. Acreditamos no que é correcto e nos valores e princípios éticos e morais. E muitos poderão dizer que não, que estou enganada e que hoje em dia os valores se perderam e a moral está ultrapassada. Mas eu não acredito nisso.
Não acredito simplesmente porque não é isso que eu vejo. O que eu vejo são pessoas que lutam no dia a dia para fazerem aquilo que é correcto, que acreditam no poder da justiça e no respeito pela liberdade do próximo, ainda que muitas vezes cometam erros. Mais vezes talvez do que qualquer um de nós gostaria.
Mas é com esses erros que aprendemos, que nos tornamos mais capazes de discernir o que tem e deve ser feito.

Eu acredito na minha geração, como acredito no poder que temos de mudar o futuro das nossas sociedades. Eu acredito que conseguiremos passar isso às gerações vindouras, ainda que por vezes nos sintamos desanimados com o encaminhamento que levam. Eu acredito nas gerações dos nossos filhos ainda que hoje sejam essas as gerações que nos parecem rascas.

Eu acredito, porque eu sou uma idealista. E eu acredito que acreditarmos é o poder que temos para fazer acontecer.

Erotica

Encontros Casuais - Part XII


 
Sofia percebeu que algo não estava bem quando sentiu Rafael apertá-la contra si ao mesmo tempo que lhe colocava a mão sobre a boca num claro pedido para que permanecesse em silêncio. E foi então que ouviu os passos vindos do interior da casa. Vários passos.
Sentiu-se ser empurrada de novo para o exterior da porta por Rafael mas nesse preciso momento as luzes acenderam-se. Sofia voltou-se e viu um rosto já conhecido.
- O que raio estás a fazer aqui? – Rafael praticamente rosnou as palavras, mas Sofia percebeu-lhe o mesmo alivio que também se apoderara dela.
- Pensei que não estavas cá… não era suposto estares no Porto?
Pedro parecia completamente atónito por vê-lo ali, mas que raio? Aquela era a sua casa! Havia ali qualquer coisa que não fazia sentido nenhum e Rafael queria saber exactamente o quê.
- E de onde é que tiraste a ideia que eu estaria no Porto? – Pedro passou a mão pelo cabelo num movimento  efectivamente nervoso.
Antes que pudesse responder-lhe, uma mulher vestida apenas com uma toalha de banho aproximou-se. Foi então que Rafael, após uma inspecção mais atenta, notou que Pedro estava com a camisa abotoada até meio e completamente descalço.
- Fui eu que lhe disse. Foi a única maneira de o convencer a usarmos a tua casa.

Rafael sentiu-se descrente ante a situação que se lhe afigurava à frente. Ali, na sua própria casa, o seu melhor amigo e a sua ex-mulher.
Honestamente nem sabia o que dizer, o que pensar, apetecia-lhe rir do ridículo que tudo aquilo, fosse lá o que aquilo fosse, lhe parecia.
- Escuta… - Pedro tentou falar, mas neste momento Rafael não lhe apetecia ouvir explicações ou desculpas.
- Acho que o melhor que tens a fazer é saíres o mais depressa possível e levares essa senhora - e quando digo senhora estou a ser o mais politicamente correcto que consigo neste momento - contigo.
- Rafael, deixa-me só… - Pedro tentava a todo o custo desculpar-se
- Porra Pedro… logo tu?! Sai! Sai e leva-a daqui para fora.
Rafael lembrou-se que Sofia se encontrava ali e, sem perceber muito bem porquê, isso fê-lo sentir-se mais seguro e protegido da situação acre com que teria de lidar quer quisesse ou não. Mas não lidaria agora. Quase que reflexivamente apanhou a mão de Sofia com a sua.
- Saiam já! – repetiu.
- Vou só trocar-me se não te importas.

Sofia sentia a tensão de Rafael. Mais do que isso sentia a dor nele. A dor da traição, de mais uma traição. Queria agarrá-lo e protegê-lo mas sabia que não o podia fazer.
Ficaram os dois ali à porta enquanto Pedro e Raquel foram buscar as suas coisas. Nenhum dos dois disse nada. Sentia-lhe a respiração pesada, tal como o ar tenso que do nada se havia formado. Tinha uma expressão falsamente serena ali parado com uma mão dentro do bolso das calças e, não fosse o sentir da outra mão dele a apertar a sua, quase sentiria medo de Rafael.

Após o que pareceu um tempo infindável, Pedro e Raquel regressaram.
- Desculpa. – A palavra saiu num sussurro demasiado envergonhado enquanto Pedro saía pela porta.

Raquel seguiu-o, mas deteve-se antes de transpor a porta. Olhou por cima do ombro para Sofia, num olhar de completo desprezo e desdém
- Não sabia que agora também trazias as tuas putas para casa…
Antes mesmo que algum deles se apercebessem, Rafael lançou uma mão ao pescoço de Raquel e, com uma força demasiado bruta, empurrou-a à porta.
- A única razão porque não te parto já aqui a cara toda é o eu não bater em mulheres. Mas volta a chamar-lhe isso e nem o  facto de não teres tomates te safa.
Raquel soltou-se dele de forma brusca.
- Estás tão enganado acerca da tua companhia! – as palavras saiam-lhe como veneno e Sofia soube, antes mesmo que ela terminasse, o que se seguiria. – O melhor é perguntares-lhe como é que ela te descobriu. – Raquel saiu com apenas aquelas palavras. Palavras que Sofia sabia lhe custariam demasiado caro.

O preço a pagar ainda não sabia exactamente qual seria.
Mas, pela forma como Rafael a olhou, soube que talvez não tivesse forma de o pagar.

*Pic by deviantart

Impressionante!!!

Hoje em dia há uma preocupação cada vez maior na imagem que apresentamos à sociedade em que nos inserimos. E regra geral, há uma preocupação com determinadas características que sabemos poder afectar as nossas relações, quer pessoais quer profissionais, no nosso dia a dia.
Usamos fato para trabalhar quando a profissão assim o exige, os homens desfazem a barba para transmitirem uma imagem de preocupação e cuidado, temos atenção em relação às mais básicas regras de educação e vivência com os que nos rodeiam e tentamos cumprir alguns requisitos que nos tornam quem somos ou quem queremos ser.

E posto isto, é-me completamente impossível compreender, ou sequer tentar, o porquê de muitas pessoas descuidaram um aspecto tremendamente importante quando nos referimos a uma convivência social: a Higiene.

Não consigo aceitar que uma pessoa use um fato e uma gravata, que use gel no cabelo e óculos caríssimos e que tresande por todos os poros a suor. E eu até aceito que há quem realmente padeça de um problema grave relativamente a este assunto, mas por norma quer-me parecer a mim que há mais de desleixo e descuido do que de doença propriamente dita.

E pior do que tudo isso é ainda ter a lata de se sentarem ao nosso lado com os braços elevados por trás da cabeça. É que não há quem resista ao fedor. Xiça!!

Primo Moduli - Capitulo 15

(continuação daqui)

Depois de uma quase longa viagem, Jorge parou o carro. Não tinha seguido para o hotel. Estavam no meio de nenhures, não se avistavam casas ou edifícios de qualquer género.

Isabel sentia-se tremer por dentro como se estivesse prestes a cometer uma loucura. E que pensamento ridículo esse. Estava com o seu marido afinal de contas. Ou estaria na verdade com alguém que não conhecia de todo?

Jorge mantinha as mãos no volante e olhava para o vazio da escuridão enquanto respirava profunda e pausadamente.
- Jorge… - chamou-o num murmúrio
Ele voltou a cabeça lentamente em direcção a si. Na escuridão quase não lhe conseguia perceber a expressão, mas sentia a intensidade do seu olhar.

Sem dizer nada abriu a porta do carro e saiu.
Isabel hesitou. Teria Jorge mudado de ideias? Teria ela julgado perceber nele sentimentos que existiam apenas nas suas divagações?

Abriu a porta e saiu disposta a confrontá-lo. Não, não iria confrontá-lo. Iria lutar com todas as armas que tinha para o reconquistar. Afinal, se ele estava ali com ela depois de tudo o que se passara certamente ainda havia esperança. Por mais ínfima que fosse.
Deu a volta ao carro e aproximou-se dele, mas antes que pudesse dizer fosse o que fosse, Jorge agarrou-lhe o braço e puxou-a para si.

Pela primeira vez Isabel sentiu paixão num beijo de Jorge e isso apenas fez com que sentisse o desejo incendiar o seu corpo. Respondeu-lhe na mesma medida. Sem amarras, sem obrigações, sem preocupações com o que quer que fosse a não ser eles dois.
O beijo dele intensificou-se e sentia-lhe as mãos deslizarem pelo seu corpo como se fosse a primeira vez que a tocava… sentia-se tal como a música de Madona… ‘touched for the very first time’.
Sem se aperceber soltou uma risadinha. Jorge parou os beijos e olhou-a de forma intrigada. Mas não lhe perguntou nada. Limitou-se a partilhar do riso dela enquanto lhe mordiscava os lábios, o pescoço, os ombros…

Isabel gemia de prazer ante uma descoberta completamente estranha mas bem vinda e, à medida que os seus gemidos aumentavam, a intensidade dos beijos e toques de Jorge também.
Apercebia-se agora que nunca se tinha realmente entregado a ele. Apercebia-se que ele nunca tinha realmente querido levá-la ao êxtase.
Mas queria fazê-lo agora, ambos queriam, e isso fazia-a sentir uma excitação para lá de mensurável.

Ele deslizou uma das mãos por dentro das coxas dela ao mesmo tempo que, com a outra, lhe acariciava um seio e lhe mordiscava a orelha.
E a vergonha, essa, abandonou-se no preciso instante que o corpo lhe pedia mais… mais perto… mais forte… mais dele…

- Jorge, não aguento mais… - disse-lhe ofegante
E ele cedeu aos desejos dela, levando-a num clímax de sensações que Isabel julgou estilhaçar-lhe todo o seu ser.
Lentamente recuperou um pouco do fôlego. Abriu os olhos e viu Jorge com uma expressão de puro desejo no olhar.

- Ainda agora começámos – disse-lhe…

(Continua... Aqui)


(Uma parceria by Louise & Ulisses)

*Pic by deviantart

Saudades

Lembro-me da sensação do dia em que coloquei os pés pela primeira vez na universidade. Foi uma sensação de completa vitória.
Sim, ainda havia todo um percurso para percorrer, mas eu sabia que se havia chegado ali, forças e vontade não me faltariam para terminar o caminho.

Deixei-me praxar porque fazia parte do ritual. Era caloria, tinha orgulho nisso e queria que o mundo inteiro – e aqui o egocentrismo falou mais alto – assistisse a isso.
Pintaram-me a cara de tal forma e com uma tinta tal que, uma vez que tinha sido pintada estando eu a rir-me, assim que secou era-me literalmente impossível mudar a expressão. E lá fui eu, metro fora, com uma cara de parva mas de completa felicidade.

E é por isso que, ainda hoje, quando vejo os mais novos pintados sorrio-lhes sempre. Porque imagino o género de sensações que estarão a sentir por dentro. Porque me faz sentir saudades. Porque sei que para muitos é de facto uma vitória estarem a ser assim pintados.


Pic retirada daqui

"A sério?!?"

É curioso observar como um boato se espalha de forma, aparentemente, inócua mas que em menos de nada se pode revelar algo completamente assustador.
Alguém decide dizer algo na brincadeira – talvez porque nas suas pequenas cabecitas acreditem que isto funciona na linha inversa da teoria dos sonhos – e por muito que tentemos desmentir a outra parte decide, na sua grande magnificência, que estamos apenas a querer ocultar o óbvio.
E pronto, não é preciso mais nada. Comenta-se aqui e ali, inicialmente com um “ela diz que não mas eu acho mesmo que sim” que rapidamente passa a um “com toda a certeza”, e aquilo que poderia ser converte-se num ‘é’ factual e constatado – mesmo que sem provas ou constatações concretas.

E no meio de todo este processo aparentemente inofensivo alguém se esquece que, não raras vezes, o alvo dos boatos é alguém que sofre com isso.
Quer porque o que é não o é, quer porque gostaríamos que na realidade fosse.

O encanto mesmo ao lado.

Porque não fazer dos fins-de-semana umas miniférias?
Isso é algo que eu faço muitas vezes e, se por vezes opto por fazer um pouco de praia, outras vezes há em que opto por visitar monumentos históricos ou vilas/cidades pitorescas.


Este fim-de-semana a eleição foi para Sintra e o Palácio da Pena. E, apesar de já o conhecer de quando era mais miúda, confesso que voltei a ficar maravilhada com o encanto, romantismo e beleza deste Palácio. Desde a zona circundante de jardins e florestação misteriosa, às divisões simplesmente sublimes como os aposentos ou as salas de leitura, tudo me deixou com vontade de regressar brevemente.

E claro, depois da caminhada extensiva, só poderia terminar este passeio no centro da vila a lanchar as maravilhosas queijadas e os quentinhos travesseiros que se derretiam na boca.

Um programa que ajudou, sem qualquer dúvida, a relaxar da semana de trabalho e que permitiu inspirar ar puro e revitalizar os sentidos.

Cada pedacinho - para Fábrica de Letras

Nos teus traços belos e delicados, nas curvas ondulantes e cativantes do teu rosto eu me perco em fantasias já longínquas. Já sinto a tua falta e ainda não partiste. Mas sei que o farás num futuro não distante…


Recordo como, à noite no escuro, te confundia com ela. Talvez porque, afinal de contas, ela também é parte de ti. E, tal como ela, ensinaste-me a crescer, ensinaste-me muitas coisas que nunca esqueci e que, de alguma forma, se enraizaram no mais profundo do meu ser.

Recordo com carinho e um nó na garganta como trazias sempre a bata e o cabelo salpicados de farinha, como talhavas a couve de forma suave e perfeita sentada no vão da escada. Recordo o cheiro a pão que trazias sempre contigo e as pombinhas que nunca te esquecias de me fazer.

Acima de tudo recordo-te a ti.

E hoje, cada uma das tuas linhas vincadas, são tão somente cada pedacinho dos momentos que partilhaste comigo e do enorme amor que sinto por ti. E sei que um dia, muito depois de partires, serei eu a possuir cada um desses pedacinhos.

Ainda não partiste e já sinto a tua falta. Mas quando partires sentir-te-ei sempre junto a mim.

Para Fábrica de Letras




Descanso ou Memórias?

A grande questão é: O que mais gosto nas férias?

Claro está que a resposta mais óbvia seria, certamente, o descanso. Porém devo dizer que esse não é o ponto primordial na minha lista de favoritismos no que às férias diz respeito.
Aquilo que realmente me agrada nas férias – ou miniférias – é a oportunidade de criar recordações. Nem mais nem menos.
Recordações dos lugares em que estive, sejam eles a casa da minha avó já tão velhinha, aquela pousada histórica lindíssima ou aquela pastelaria fabulosa onde comemos aqueles croissants folhados que dificilmente esqueceremos. Recordações daquilo que fiz, daquilo que comi e de tudo aquilo que vivi.
Mas acima de tudo, as que realmente prezo, são as recordações dos laços que estabeleci ou fortaleci com as pessoas que me rodeiam.
Os momentos românticos e de paixão com ele, os momentos de carinho com a família, os momentos de riso com os amigos…

Porque no final de contas são esses momentos que fazem da nossa vida aquilo que ela é, são esses momentos que nos definem e à nossa felicidade. São esses mesmos momentos que nos dão ânimo e alento quando não temos essas pessoas por perto.

E é por isso que, para mim, aquilo que mais gosto nas férias são as memórias que guardo delas.

Encontros Casuais - Part XI



Inspeccionou os bilhetes que tinha na mão. Não se recordava da ultima vez que tinha comprado bilhetes para assistir a um concerto em companhia feminina. Provavelmente ainda nos tempos de universidade, antes de Raquel.
Não sabia porque se estava a deixar levar na rede de sedução de uma mulher. Mas sabia que não queria resistir a isso. Queria estar com Sofia e, por agora, não queria pensar em porquês ou para quês.

Não demorou muito a reconhecer-lhe a silhueta quando ela entrou no restaurante. Tinha marcado este jantar com ela e resolvera surpreendê-la com os bilhetes. Ela aproximou-se, cumprimentou-o com um beijo que soube a pouco e sentou-se em frente a ele.
- Desculpa o atraso, mas o chefe apanhou-me mesmo quando estava a sair. – disse-lhe enquanto pousava a mala na cadeira do lado.
- Acho que vais ter de te redimir.
Sofia inclinou-se ligeiramente sobre a mesa e piscou-lhe o olho – Acho que o prazer será todo meu!
Rafael aproximou-se dela e abanou os bilhetes na mão – Pois, mas antes disso estava a pensar em irmos ver os Muse…
Sofia tirou-lhe os bilhetes da mão e inspeccionou-os. Ele aguardou a reacção dela. Esperava mesmo que ela gostasse da banda.
- Como conseguiste comprá-los? – ela olhava para os bilhetes de forma quase descrente – Há semanas que estão esgotados.
- Sabes que tenho os meus conhecimentos. Mas isso quer dizer que vais comigo?
Ela olhou-o nos olhos com um sorriso deveras provocador – Quer dizer que, a menos que a outra opção seja a tua cama, nada me vai impedir de ir.
- Bem, a cama vai continuar lá depois do concerto…

O jantar seguiu-se com gargalhadas e Rafael deu por si a constatar que não se sentia tão leve e descontraído há meses. Começava a compreender o porquê de se estar a deixar envolver com ela. Havia nela algo de misterioso, mas isso era somente parte daquilo que o atraía.

Sofia pedira um strudel de maçã para sobremesa e Rafael ficara-se pelo café. Pediu a conta, pagou e seguiram juntos para o seu apartamento.
No carro ela provocava-o com caricias e beijos demorados. Pisou o acelerador mais fundo na ânsia de encurtar a distância.

Estacionou o carro na garagem o mais rápido que conseguiu e entraram no elevador colados um ao outro. Assim que chegaram ao piso de Rafael, Sofia meteu a chave na fechadura enquanto Rafael a desconcertava colando-se a si e brincando com o seu pescoço. Provocava-lhe cócegas e ela ria enquanto lutava com a chave.
Entraram aos tropeções pelo corredor e, em apenas alguns segundos, Rafael percebeu que algo não estava bem.
Havia mais alguém dentro da sua casa.

Já não era sem tempo

… dizem vocês e dizem muito bem.


Mas é que as férias estavam tão boas... mas como tudo o que é bom acaba depressa, as minhas voaram à velocidade da luz.


Agora resta-me encarar a realidade do regresso ao trabalho com 1001 coisas a tratar. Prevê-se portanto um regresso bastante atribulado e ocupado.

Quase de volta...


... but not quite yet...
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