A "chiquesa" da Pandora

Depois de ler isto, lembrei-me de fazer um post acerca da minha opinião em relação à moda da Pandora. Martini, isto não é uma crítica ao teu post, é unicamente uma opinião minha já antiga.
Parece que as vendedoras da Pandora dizem que aquilo é algo muito chique. E esta frase foi o que despoletou a vontade de escrever estas linhas.

Ultimamente assistimos a um fenómeno extremamente assustador na nossa sociedade: o de se exibir artigos relativamente caros - mas não demasiado caros porque afinal de contas não passamos de um povo em dificuldades – para que todos à nossa volta vejam como somos finos.
E isso não é chique. É só e tão somente despropositado, senão mesmo corriqueiro.

As Pandoras bem como a bijutaria/relógios da Calvin Klein, os relógios Eletta ou as malas Tous (outrora Cavalinho), e por aí fora, não são mais do que uma ostentação de uma condição que não se tem.
Confesso que fico perplexa ao ver tanta gente exibir estes artigos. Sinto que é uma forma de exibirem um status que não existe – por muito que se queira ter – e isto é triste.

Até compreendo que existam pessoas que realmente gostem dos artigos que mencionei, e que em ocasiões especiais gastem algum dinheiro num ou outro, mas eu não me refiro a essas pessoas. Refiro-me àquelas – e são talvez a maior percentagem do grupo – que apenas compram e têm os produtos para que todos à sua voltam observem como têm dinheiro para gastar nesses artigos.

E quanto ao ser chique, ao contrário do que muita gente possa pensar, algo não é chique somente porque está na moda, é caro e todos usam.
É que o ser chique é algo que está na pessoa e não no objecto. O ser chique é ter personalidade própria e requinte para não ser uma ‘maria-vai-com-as-outras’.

O ser chique é não sentir necessidade de exibir um artigo relativamente caro (repito, não em demasia que isso já dói) para marcar uma posição.

Por muitas Pandoras ou relógios da Calvin Klein que se tenha, o que importa é quem somos e não o que temos.

*Pic by Deviantart

15 Diabruras:

Vontade de disse...

Tive a minha primeira Pandora há 4 anos, antes mesmo que Portugal as conhecer. E gosto bem dela, não a uso como sinal de status (???) mas sim como simbolismo das várias pessoas que me foram oferecendo as peças.

anouc disse...

Tenho uma Pandora que me ofereceram há uns três anos. Confesso que achava um piadão, principalmente à originalidade das contas de prata. O problema, é que as com as contas todas juntas não se percebe o formato das mesmas. Além disso a pulseira torna-se demasiado pesada e desconfortável.
Depois de assistir à febre que se começou a evidenciar com essas pulseiras, deixei de a usar... está prá li.

Quanto a isso da ostentação, não podias estar mais certa. Ouvem-se histórias, muitas... de um casal, por exemplo, que anda de Mercedes topo de gama mas depois só comem cereais ao almoço e ao jantar. É assim a vida. E a estupidez.

Purple disse...

Concordo com o conteúdo do tópico, friso ainda que ser chique é conjugar o que se tem de uma forma elegante. E o que se tem pode custar 5 ou 5000.

Mas sinto-me lesada com a menção aos CK. Dada a minha "paixão" por vários relógios desta marca ao longo dos anos, posso dizer que tenho um número considerável de exemplares...e uma ou outra pulseira e um ou outro anel (que raramente uso).

E sinceramente nunca tinha equacionado que poderia ser interpretada de tal forma, porque para mim trata-se de um simples gosto pessoal.

Olhando bem...hoje trago um...bolas LOL :)

Beijinhu grande (e vá o "lesada" foi um exagero)

Crise disse...

Chap, chap , Chap , muito bem , muitas vezes pensei nisso da forma que tão bem o descreves-te , porque vejo todos os dias pessoas que ostetam esse tipo de artigos " as copionas " mas que depois não são nada chiques e tem uma cabecinha tão oca que até doi .
Gostei muito do teu post .

bjs

Anónimo disse...

Uffa... ainda bem que foi sobre o que eu esperava :)

Não são os acessórios nem as peças caras que tornam alguém chique, mas é essa a ideia que elas incutem nos clientes para comprarmos os artigos mais caros.

Fiquei assim também com a ideia de que não és uma pessoa materialista, algo raro hoje em dia.

BTW, um exemplo simples. Eu só tenho um relógio que foi-me oferecido pelo aniversário pela minha família. Ele é bom e sei que foi caro, mas tem uma utilidade diária e inquestionável. Em contrapartida, tenho colegas que têm 5 e 6 relógios só por causa das combinações de roupa, cores e ocasiões. Incrédulo...

graziela disse...

É isso mesmo. Por aqui chega ser revoltante. Moro num bairrro pobre e vejo gente entrando no ônibus exibindo marcas internacionais (falsas!, querem enganar quem?), sapatos caros, roupas caras mas ferfeitamente compráveis. Não combina! Nem com a pessoa (que fica explícito que não tem dinheiro e quer ostentar o que não tem), nem com o ônibus e muito menos num bairro desses.

Não tenho medo de ser assaltada por assaltantes comuns aqui.

bjo, e belo post.

Poetic Girl disse...

É tão verdade o que disseste! Por mais que nos enfeitemos com jóias, pandoras e outras coisa que tem não vai alterar em nada o que somos.... tal como disse no blog do martini não acho piada nenhuma a isso, os meus gostos são bem mais simples... bjs

Pink Poison disse...

Pois, a história do satus social, ainda não foi afectada pela crise... Que tristes. Ostentar um sorriso e generosidade não é tão melhor?

Louise disse...

Vontade de,
Repara que eu disse a quem me referia e a quem não me referia. Obviamente serás uma das pessoas que tem uma relação 'afectiva' pelo objecto em causa. Isso nem sequer questino - e tão pouco me compete.

Anouc,
É precisamente isso. Poupa-se no que é verdadeiramente importante, para se gastar com ostentações... triste.

Purple,
Não tens de te sentir lesada. Se é paixão tudo bem - ou outra coisa também porque na verdade cada um faz do seu dinheiro o que quer - mas este meu post estava mais relacionado com a questão de muita gente querer parecer o que não é ou quererem ser "chiques" através de objectos em vez de postura e acções.

Louise disse...

Crise,
É uma pena as pessoas não quererem ser o que na verdade são... que na maioria das vezes é muito mais elegante do que o que querem ser.

Martini,
não tires conclusões precipitadas. Eu sou uma pessoa materialista - e isso não tem mal nenhum no meu entender - e gosto de coisas como qualquer pessoa gosta. Também tenho um relógio Calvin Klein, ou outras peças semelhantes.
A questão deste post nunca foi criticar quem é materialista - o ser-se materialista a meu ver não indica que se seja má pessoa - mas sim quem tenta mostrar uma condição que não tem acreditanto que isso o(a) tornará mais chique ou fino. É que uma simples pulseira de prata de infância dada pelos pais pode ser bem mais elegante do que uma pandora comprada com dinheiro que até fazia falta para qualquer coisa lá em casa.

graziela,
Gostei dessa comparação que fizeste.

Poetic Girl,
Somos o que somos pela forma como vivemos e não pelo que temos... e esta sim é a verdade.

Louise disse...

Pink Poison,
Nem mais.

Turista disse...

Querida Louise, o que somos é a nossa mais valia, sem dúvida. Apesar de não ser muito de modismos, como sabes, já ofereci uma pulseira destas a uma sobrinha e de cada vez que há um marco importante na vida dela, ofereço-lhe uma conta. Eu acho engraçado e ela também.
Beijinhos e obrigada pelo teu apoio e ajuda :D

Dionísio disse...

Uma pergunta mesmo a propósito: conhece a frase de Jean Paul Sartre "O Inferno são os outros"?

É que isso do diabo dentro de si tem muito que se lhe diga...

Roxanne disse...

infelizmente tenho que concordar ctg... adoro a minha Pandora pelo que ela transmite, pelas histórias que partilhei com ela no pulso... pelo simbolismo...
nunca pensei na pulseira como um artefacto de show off de mediocridade... mas infelizmente tens razao. e isso cada vez se nota mais, agora que pensei nisso...

EK disse...

Tanta gente assim. Isso já deixou de ser um mero assunto, é um praga. Classe é algo que não vem com o tempo nem com as modas. Classe é algo que se tem ou não. Há muita gente com dinheiro que a procura mas não encontra.. Portanto, ostentar o que não se tem é só ridículo. Nada mais. Porque é muito simples perceber o tipo de pessoa com quem estamos a lidar.

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Agradeço desde já tudo* aquilo que o diabo dentro de ti possa ter para dizer...

*excepto tudo aquilo que o diabo dentro de mim não concordar

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