Feliz Natal

Anonymous

Ter um blog é um desafio constante e contínuo. Por muito que tentemos manter-nos anónimos, é complicado resistirmos à tentação de não partilharmos um pouco da nossa vida pessoal, mesmo que esse pouco não passe de pequenos detalhes sem demasiada importância.

E em menos de nada, é como se na realidade estivéssemos a escrever para apenas nós próprios. Porque afinal de contas do lado de lá não existem pessoas reais, não existem conhecidos ou pessoas que nos julguem. E as que o fazem… bom, vão directamente para pasta de lixo e não pensamos nisso mais do que um dia seguido.
O problema é que, rapidamente podemos esquecer-nos de que ao revelarmos detalhes nossos estamos, na verdade, a expor-nos a todo um conjunto de possibilidades que nem sequer começamos a imaginar. E nem queremos.
As pessoas não reais, afinal são o mais real possível e muitas vezes pessoas que nos conhecem. Os nossos segredos, intimidade ou o próprio espelho da nossa alma passa, assim, a estar acessível a quem não quereríamos que estivesse.

E é por isso que, mais cedo ou mais tarde, concluímos que, por mais difícil e desafiante que seja, é importante mantermos os nossos segredos e o nosso mistério. Porque ninguém quer ser uma janela transparente dado que isso nos tornaria mais vulneráveis e fracos.

E é por isso que vou resistindo…

Decisões

Há várias alturas na nossa vida em que temos de tomar decisões criticas: o que queremos fazer quando formos grandes, se queremos mesmo casar com aquela pessoa, se vamos ou não manter aquele amigo na nossa vida ou se cortamos a relação com ele, comprar ou arrendar casa, ficar pelas origens ou emigrar.


Mas julgo que a decisão mais importante que poderemos ter na nossa vida é se vamos ou não ter filhos. Todas as outras decisões podem, de forma mais ou menos fácil, ser revertidas ou alteradas. Mas a decisão de termos um filho não. Nunca e jamais. A partir do momento em que decidimos conceber uma vida, essa ficará para todo o sempre ligada a nós – de uma forma ou de outra.

E esta decisão tem, obrigatoriamente, de ser muito bem pensada e analisada. Porque ter um filho muda tudo. Mais do que tudo o resto, muda o centro do nosso universo. E é aqui que reside o grande busílis da questão. Deixamos de nos poder centrar apenas em nós, nas nossas próprias necessidades, nas nossas vontades e desejos, porque agora existe alguém que precisa que o façamos por ele.
É, por isso, importantíssimo que, quando decidimos ter um filho, saibamos que iremos abdicar dessa exclusividade de egocentrismo.
E obviamente que, ter um bebé, não significa esquecer tudo o resto à nossa volta. Não significa, e nem pode significar, que deixamos de ser mulheres/homens com necessidades e vontades, que não possamos fazer o que gostamos, que não continuemos a ter uma relação com romance, que não tenhamos momentos ocasionais sem os filhos.
Mas tudo isso deixa de ser feito numa base puramente egoísta, para uma base muito mais ponderada e calculada. Fundamentalmente, mudam as prioridades.

E é essa consciência que é peremptório ter. E porquê? Para que a maternidade/paternidade sejam saboreados em toda a sua plenitude. Sem remorsos, culpas ou grilhões.

Porque a partir do momento em que deixamos de ser egoístas, toda a vida parece fazer muito mais sentido.

Arre

Começam as festas e jantares de Natal. Festas das empresas para as criancinhas, jantares entre colegas e amigos para se reunirem, e um ou outro almoço com alguém que passamos meses sem ver para, no mínimo, desejarmos uma boa quadra natalícia.


E é tudo muito giro, mas sermos nós a tentar organizar a coisa, insistirmos para que as pessoas confirmem a presença, escolher a data e restaurante que agrade a gregos e a troianos não é, de todo, tarefa fácil.
Especialmente quando temos respostas, a 1 semana da data do dito jantar, como: “Ah eu ainda não disse nada porque não sei como vai ser a minha vida.”.

Arre xiça!! Mas esta gente é parva?!

Eu até percebo que, ao contrário de mim, nem toda a gente gosta de ter a vida bem planeada e os dias organizados, mas daí a entrar no exagero do ‘go with the flow’ acho que já é pura estupidez. Isto quando nos referimos a ter de conviver e socializar com outras pessoas porque nestas situações, quer se queira quer não, tem de haver algum planeamento.

E pronto. Só me dá vontade de apertar pescocinhos.

O que realmente importa...

As pessoas não param nunca de nos surpreender. Mesmo as mais próximas de nós.
Soube este fim-de-semana que um amigo de infância está junto, há mais de 5 anos, não com uma namorada mas com um namorado. A par disso, tem um menino simplesmente lindo, resultado de um processo de barriga de aluguer.
Mas não foi isto que verdadeiramente me surpreendeu, ainda que fosse algo que não tivesse à espera.

O que me surpreendeu – e no fundo, talvez nem tanto assim – foi constatar que pessoas, como os meus pais, mais conservadoras e não tão evoluídos nestas questões de orientação sexual, simplesmente não ligaram nenhuma a isso quando a pessoa em causa é alguém que conhecem desde pequenino e de quem gostam.

Porque no final, importaria bem mais se a pessoa em causa fosse um delinquente ou um criminoso. Agora as suas escolhas e opções de vida, que em nada interferem com os demais, são suas exclusivamente. E ele, continua exactamente a mesma pessoa que sempre foi.

O Consumismo

Desengane-se quem pensa que vou criticar o consumismo desenfreado dos tempos que correm.

Certamente esperariam uma critica assoberbada sobre a necessidade material que impera na nossa sociedade actual e como não passamos todos de uns ressabiados que esqueceram por completo os valores e espiritualidades da nossa essência.

Mas não. Não o vou fazer.

Porque, na minha opinião, não é isso que nos torna seres desprezíveis ou ignóbeis. Outros factores, sim, poderão tornar-nos nisso, mas não o consumismo.
O consumismo faz parte da nossa era, quer se queira quer não. Tal como a espiritualidade fez parte da era dos nosso bisavós e avós. Criticar-se-á ad eterno tudo o que seja moderno, tudo o que seja inovador, tudo o que faça parte de uma geração futura.
Mas o consumismo, com todos os seus prós e os seus contras, com todos os seus benefícios e malefícios – porque há de ambos – não deixa de ser algo que define as gerações actuais.
E confesso que acho uma certa piada quando assisto a alguém, em pleno centro comercial ou supermercado, criticar todos os que por ali se encontram num “consumismo desenfreado”, quando na realidade eles próprios também ali estão – e a fazer precisamente o mesmo que todos os demais.

Se ao menos parássemos, pensássemos e constatássemos a nossa própria realidade, talvez assim pudéssemos focar-nos nas verdadeiras falhas da nossa sociedade.

 
*Pic By Deviantart

Desejos logo pela manhã

Assim mesmo... sem tirar nem pôr!!

Bla Bla Bla

Qual a pessoa que não gosta de dar o seu bitaite? E é impressionante a quantidade de bitaites que uma só pessoa tem para oferecer de graça – até porque não conheço ninguém que peça bitaites de livre e espontânea vontade.
E os bitaites surgem, especialmente, quando alguém acha que já viveu determinada situação e que isso a torna num supra sumo da batata.

“Ah eu já passei por isso! Isso agora vais ver como elas te mordem! E vai ser assim e assado, e frito e cozido. Eu sei!!!”

E claro, ao fim de milhentos bitaites de milhentas pessoas, já estamos um pouco saturados – e eu em particular ao fim de dois ou três já estou com vontade de esganar.

Claro que os conselhos são sempre mais do que bem vindos, mas as teorias da batata e as comparações inúteis e despropositadas dispensam-se por completo. E será assim tão difícil as pessoas compreenderem que cada caso é um caso, cada pessoa é diferente e cada experiência única?

Presentes a oferecer I

Para aqueles "bebés" mais chorões e mimados que, nada mais fazem, a não ser chatear.


*Imagem retirada daqui

Detalhes da vida

Eu sou daquelas pessoas para quem a vida é feita de pequenos prazeres, pequenos momentos, pequenas vivências e recordações. Claro que acredito que ter muito dinheiro possa trazer mais felicidade, mas apenas e unicamente porque nos permitiria usufruir destes pequenos momentos mais vezes ou de outros pequenos momentos que, sem recursos financeiros, se torna mais difícil.
Mas, o que é facto, é que basta querermos para usufruirmos de pequenos momentos que nos tornam mais felizes. Coisas simples da vida cujo prazer é inigualável.
Se para uns é assistir a um bom jogo de futebol na companhia dos amigos, para outros é pegar na bicicleta a um sábado de manhã e correr a serra mais próxima e para outros será ficar em casa a aproveitar a companhia dos filhotes.

E eu tenho uma lista imensa destes pequenos prazeres que faço questão de aumentar frequentemente. E porque essa mesma lista é demasiado extensa deixarei para uma segunda oportunidade a nomeação dos vários itens.
Mas posso referir um desses itens, um dos mais simples e mais prazerosos para mim. Um fabuloso pequeno almoço fora de casa, ao fim-de-semana, sem pressas, sem compromissos… apenas relaxe, descontracção, a aproveitar a companhia e os sabores.

E porque gosto sempre de variar e conhecer coisas novas, encontrei um cantinho novo que pretendo descobrir este fim-de-semana.

Greve

Ao meu redor só escuto palavras de indignação relativamente ao estado de greve. Critica-se quem faz greve, criticam-se os sindicalistas e pior, descredibiliza-se o acto de fazer greve.

E até poderei concordar que o significado da greve foi um pouco banalizado como tantas, demasiadas, outras coisas na vida. Tudo passou a ser motivo para se fazer greve – mesmo quando não há motivo nenhum – e muitas vezes os dias escolhidos são bastante infelizes.

Mas ainda assim, julgo que não devemos generalizar. A greve é um direito importantíssimo do povo trabalhador. Graças aos sindicalistas é que hoje temos férias, subsídios, licenças e outras regalias e direitos que, não há muitos anos atrás, eram apenas uma miragem.
Acho importante não nos esquecermos disto quando apontamos o dedo aos sindicalistas e às greves.

E ainda que, na minha opinião, as medidas de austeridade do governo tenham sido necessárias e inevitáveis, o facto é que sabemos todos, infelizmente, que quem paga sempre a factura é o povo trabalhador enquanto as grandes entidades escapam praticamente ilesas dos rigores dos orçamentos. E isto é motivo para elevarmos as vozes.

É que, ainda que não se consiga nada com isto, uma coisa consegue-se certamente: fazer ouvir a voz de um povo desiludido e cansado de não ser devidamente defendido. Porque quem cala consente, porque se ninguém reclamar nunca nada muda.

Eu não faço greve hoje, mas compreendo inteiramente quem faz.

Adorável

Recentemente apercebi-me de algo que, apesar de ser demasiado óbvio, é uma técnica infalível e subtil para ganharmos a empatia dos que nos rodeiam.
Apercebi-me disto observando atentamente uma pessoa que me é conhecida. A pessoa em questão é daquelas pessoas que, desde o primeiro encontro, é impossível não gostar. É daquelas pessoas que sabem cair nas graças de todos aqueles que de si se aproximem – ou quase todos.

E talvez por essa razão eu tenha dado por mim a observar o comportamento desta pessoa em particular, de forma a tentar perceber o porquê de isto acontecer.
Apercebi-me, ao final de algum tempo, de qual a principal razão do sucesso da conquista da afeição de forma tão rápida e efectiva dos demais.

E aqui é que reside a beleza da coisa. Não é algo demasiado elaborado, mas antes algo que todos constatarão o quão óbvio na verdade é.
A técnica a que me refiro é a de se chamar, toda e qualquer pessoa, independentemente do tipo e grau de relação com a pessoa em questão, pelo nome próprio em toda e qualquer oportunidade que se tenha.

Confesso que dei por mim algo estupefacta perante a genialidade da coisa. E isto é tão sublime que praticamente ninguém se apercebe de que, na verdade, está a ser alvo de uma espécie de manipulação.
E, após vários exemplos e várias constatações, posso afirmar com toda a certeza que esta é, efectivamente, uma técnica infalível. É, basicamente, como aquelas mensagens escondidas num qualquer cd de música que apenas o nosso subconsciente consegue detectar e que nos manipulam a cometer homicídios ou suicídios em massa.

Exagerada? Sim, talvez um pouco. Mas definitivamente correcta na constatação. Experimentem e verão.

Apetecia-me...

Uhmmm… aquela espuma suave e viciante a deslizar-me pelos lábios, aquele calor doce a percorrer-me o corpo enquanto fecho os olhos e me entrego à sensação única daquele sabor…

E depois o pecado que me tenta, com um requinte estaladiço e salgado… delicioso como todos os pecados… e a culpa, essa, fica para outras núpcias.

Porque todos merecemos, de quanto em quando, entregarmo-nos aos prazeres mais viciosos e saboreá-los sem remorsos ou restrições.

Cada vez mais centrados em nós

Hoje em dia as pessoas têm uma certa tendência para se autoproclamarem como altos moralistas e falsos santos, quando na verdade não passamos de uma sociedade altamente hipócrita.
Refiro-me, neste post em particular, à questão da importância do dinheiro.

Em várias situações me tenho deparado com pessoas que, metaforicamente falando, “choram” o dinheiro que poderiam ter de despender – e na verdade as que “choram”, ou despendem forçosamente ou não despendem de todo – em coisas importante mas que não lhes são directamente benéficas, ou benéficas a curto prazo.
Refiro-me a coisas de baixo custo até, como por exemplo, pagar uma entrada num museu, pagar uma taxa num hospital público, suportar um aumento na conta da água, apadrinhar uma criança num país onde a miséria é lei ou pagar meia centena de euros em algo que pode beneficiar terceiros.

Efectivamente as pessoas desculpam-se que o dinheiro não chega para tudo, que meia centena de euros faz muita falta para outras coisas que não as mencionadas acima (ou outras semelhantes). Mas será mesmo assim? Ou seremos apenas uma sociedade completamente absorvida no seu próprio egoísmo e comodismo?

Somos cada vez mais – e isto é ponto assente – uma sociedade consumista. E somos consumistas para nós próprios.
Damos dinheiro por coisas fúteis e inúteis que na realidade não nos fazem assim tanta falta, vamos ao cinema e pagamos uma maquia estupidamente elevada para ver um filme mas não reclamamos. Compramos milhentas roupas e brinquedos aos nossos filhos que por lá ficam esquecidos ao fim de algum tempo, compramos esterilizadores de biberões porque é mais cómodo do que ferver água como faziam as nossas avós, compramos carrinhos e alcovas e ovos e mais uma série de coisas que nem sabemos bem as diferenças entre eles.
Pagamos sem qualquer problema preços abusivos por LCDs, playstations ou telemóveis e não reclamamos pelo simples facto que isso nos trará um beneficio directo.

Mas continuamos sob a máxima de que o dinheiro faz falta para coisas mais importantes. E seremos sempre, e cada vez mais, assim. O que importa é a nossa própria satisfação, o nosso conforto e usamos como capa protectora a fraca desculpa de que somos uns pobrezinhos que praticamente vivemos na miséria. E só por isso é que reclamamos quando temos de dar dinheiro por algo importante. E pior do que isso, desculpamos também os outros numa tentativa de não nos sentirmos os únicos.

É que ajudar os outros ou ajudar a nossa sociedade não faz parte dos nossos planos ou objectivos do mês, porque o dinheiro faz falta para outras coisas.

Harmonia e Tranquilidade

Sinto-me em completa harmonia. Ainda que raspe o carro na garagem, ainda que me irrite por vezes com os condutores menos cívicos, ainda que me sinta mais inchada do que o habitual ou que o meu organismo se vá revelando uma caixinha de surpresas.

Sinto-me tranquila e em completa simetria com a vida que se me apresenta ao longo da estrada. Ainda que as preocupações vão surgindo, ainda que as dúvidas se somem umas atrás das outras, sinto-me perfeitamente serena num estado que me parecia, até aqui, uma utopia apenas.

E sei que não preciso de me questionar sobre o porquê. É assim porque não poderia ser de outra forma.

Rumo à quase perfeição.

É curioso como nós olhamos para as pessoas à nossa volta que nos são desconhecidas e, automaticamente, vemos uma parede de confiança, segurança e firmeza que a nós nos parece apenas uma utopia.

Acreditamos sempre que os outros são mais seguros e cheios de certezas do que nós próprios, que sabem do que falam, que sabem o que fazem e que são o pacote real.
Ao passo que nós, no fundo no fundo, somos apenas uma fraude. Mostramos algo que na realidade não somos, temos inseguranças e incertezas e nem sequer acreditamos ser aquele excelente profissional ou aquele amigo sábio que todos julgam sermos. E vivemos com o receio de, mais tarde ou mais cedo, o nosso pequeno segredo ser descoberto.

Mas, no final de contas, não seremos todos assim? Não teremos todos inseguranças e incertezas? Não acreditamos todos ser uma pequena fraude em algum aspecto da vida? Não que na realidade o sejamos, simplesmente sabemos no nosso âmago que não somos perfeitos. E isso só contribui para que melhoremos sempre um bocadinho mais.

Tradições

Sou daquelas pessoas dadas às tradições. Gosto de cumprir tradições e até mesmo de as criar. É que as tradições do presente são, nada mais, que as ideias inovadoras de um passado.
As tradições criam elos, juntam pessoas e promovem uma espécie de bem estar e felicidade. Claro que também sou da opinião de que cada um deve atentar às tradições com que realmente se identifica, caso contrário perde-se todo o sentido ou propósito.

E o magusto, ou dia de São Martinho, é daquelas tradições que não passam esquecidas. E umas belas castanhas, a queimar as mãos enquanto as descascamos, é algo que me transporta a uma infância feliz e terna.

Hoje é isto

Transparência

Transparentes somos todos.
Não mentimos, não enganamos, não ocultamos os nossos defeitos. Somos seres claros e com clarividência. Somos, provavelmente, a pessoa mais honesta e correcta que já conhecemos em toda a nossa vida. Claro que, ocasionalmente, somos obrigados a obscurecer a nossa transparência, nunca por decisão verdadeiramente nossa mas antes por motivos que nos são externos e completamente inimputáveis.

Somos pessoas repletas de verdade, coerência, certezas e, acima de tudo, razão.

E é uma pena que, no meio de tanto egocentrismo, não consigamos distinguir transparência de um vidro fosco e sujo que almeja a nitidez e clareza que é, na verdade, tão difícil de conseguir.



Para Fábrica de Letras



*Pic by Deviantart

Estado de Espírito

Shut Up

A boa educação manda – ou assim me ensinaram – que, quando um burro fala, o outro baixa as orelhas.

Se há falta de respeito que eu acho verdadeiramente inaceitável, é esta: interromper constantemente a pessoa que está a falar para se dar mais esta ou aquela opinião.
Imaginem o seguinte diálogo:

Burro 1 (B1) – No outro dia, estava eu…
Burro 3 (B3)escutando atentamente B1
Burro 2 (B2) – Ah é verdade, sabes que bla bla bla - porque na realidade a conversa é mesmo da treta e não tem qualquer interesse.
B3 - volta agora a atenção para B2
B1 – Mas estava a dizer que no outro dia…
B3volta a escutar B1
B2 – Epá, mas e depois … - e continua o bla bla bla
B3volta mais uma vez a atenção para B2

Já compreenderam o cenário, suponho.

Aqui, parece-me a mim, que a falta de educação até está na parte do Burro 2 e no Burro 3. Aliás o Burro 1 (aka Louise) nem sequer é burro nenhum, mas uma pessoa extremamente inteligente.

Muitos terão a sua opinião de como deverá agira o Burro 1. Mas, na minha opinião, a educação e sensatez manda que desista daquele diálogo – a não ser que estejamos a referir-nos a uma reunião profissional ou assuntos importantes que não apenas partilha de opiniões / experiências. Basicamente os interlocutores não merecem o esforço ou a nossa partilha seja do que for. Não me parece que o mais indicado seja continuar a fazer figura de otário(a) quando, claramente, do outro lado não existe receptividade ou interesse.
No que me diz respeito, é assim que se exclui pessoas da nossa roda de importância. Eu, pelo menos, aprendo rápido a lição.

E acho incrível como depois, são estes mesmos Burros que acabam por não compreender porque pessoa A ou B é sempre tão calada e reservada.

Os olhos são o espelho da alma

Irrita-me solenemente que as pessoas, enquanto falam comigo, tenham os óculos de sol colocados na cara.

É estúpido e de uma falta de educação tremenda. A partir do momento que não lhes consigo ver os olhos, perceber as expressões ou para onde estão a olhar - para mim? Para o vizinho do lado? Para a minha cara ou para as minhas mamas? – todo o interesse que poderia existir na conversa morre de imediato.

E palavra de honra que às vezes dá mesmo vontade de arrancar a porcaria dos óculos da tromba e enfiá-los pela goela abaixo – de quem os usa claro.

*Pic by Deviantart

A "chiquesa" da Pandora

Depois de ler isto, lembrei-me de fazer um post acerca da minha opinião em relação à moda da Pandora. Martini, isto não é uma crítica ao teu post, é unicamente uma opinião minha já antiga.
Parece que as vendedoras da Pandora dizem que aquilo é algo muito chique. E esta frase foi o que despoletou a vontade de escrever estas linhas.

Ultimamente assistimos a um fenómeno extremamente assustador na nossa sociedade: o de se exibir artigos relativamente caros - mas não demasiado caros porque afinal de contas não passamos de um povo em dificuldades – para que todos à nossa volta vejam como somos finos.
E isso não é chique. É só e tão somente despropositado, senão mesmo corriqueiro.

As Pandoras bem como a bijutaria/relógios da Calvin Klein, os relógios Eletta ou as malas Tous (outrora Cavalinho), e por aí fora, não são mais do que uma ostentação de uma condição que não se tem.
Confesso que fico perplexa ao ver tanta gente exibir estes artigos. Sinto que é uma forma de exibirem um status que não existe – por muito que se queira ter – e isto é triste.

Até compreendo que existam pessoas que realmente gostem dos artigos que mencionei, e que em ocasiões especiais gastem algum dinheiro num ou outro, mas eu não me refiro a essas pessoas. Refiro-me àquelas – e são talvez a maior percentagem do grupo – que apenas compram e têm os produtos para que todos à sua voltam observem como têm dinheiro para gastar nesses artigos.

E quanto ao ser chique, ao contrário do que muita gente possa pensar, algo não é chique somente porque está na moda, é caro e todos usam.
É que o ser chique é algo que está na pessoa e não no objecto. O ser chique é ter personalidade própria e requinte para não ser uma ‘maria-vai-com-as-outras’.

O ser chique é não sentir necessidade de exibir um artigo relativamente caro (repito, não em demasia que isso já dói) para marcar uma posição.

Por muitas Pandoras ou relógios da Calvin Klein que se tenha, o que importa é quem somos e não o que temos.

*Pic by Deviantart

Há coisas que não se negam...

Talvez devido ao número, cada vez mais crescente, de pedintes com quem nos cruzamos no dia a dia – na cidade pelo menos – acabamos por ganhar uma certa resistência e frieza em relação a isso. Eu pelo menos, muito raramente, dou dinheiro a algum deles. Eu compreendo que a situação está cada vez pior para os mais desfavorecidos, que o desemprego é cada vez maior (se bem que este é um tema muito particular no meu entender), que está tudo cada vez mais caro e etc.Mas também acho que houve uma banalização do acto de pedir. E são tantas pessoas a pedirem, de tantas idades, etnias e géneros que acabamos por ficar aturdidos face a tal situação.
Acabamos por nos questionar se realmente a pessoa que está a pedir é ou não sincera na sua história, tem ou não problemas efectivos ou prefere andar a pedir do que procurar um emprego, se estaremos ou não a ser enganados.

Agora, há algo que eu simplesmente não consigo recusar: Comida. Ontem alguém me pediu um bolo, aproveitando a deixa de eu estar a colocar o ticket do parquímetro, e apesar de não ter dinheiro comigo acabei por me dirigir ao MB mais próximo, entrei numa pastelaria e comprei-lhe 2 sandes grandes. Entreguei-lhe e a pessoa ainda me pediu fraldas para os filhos pequenos.
Aqui confesso que fiquei na dúvida. Teria a pessoa aludido ao bolo (comida) com o intuito de me sensibilizar e depois recorrido às fraldas para que lhe desse dinheiro efectivo?

Independentemente disso, ofereci-lhe comida e não me arrependi por um minuto que fosse. Afinal, não raras vezes, dou dinheiro mal gasto: a arrumadores, como gorjeta mesmo quando não gosto do serviço, em impostos nos quais claramente estou a ser roubada. Parece-me muito mais válido gastar meia dúzia de euros em comida para dar a alguém. Porque comida, água e carinho não se negam seja a quem for.

Desânimo

Abrimos a página do jornal e as notícias são mais do que deprimentes. O país está péssimo e pior de dia para dia, burlas atrás de esquemas em grandes bancos, tragédias a provocarem centenas de mortos e feridos nos vários recantos do mundo…
É um verdadeiro desânimo pensar no rumo que as coisas levam. É simplesmente assustador.
E talvez por isso vivamos a nossa vidinha no dia a dia colocando todas essas notícias numa via paralela à nossa via pessoal. Relegamos para um segundo plano porque nos sentimos impotentes e porque simplesmente não poderíamos viver com plena consciência do que se passa no mundo à nossa volta.

E isto é demasiado triste. Mas que outra escolha temos?

*Pic by Deviantart

Encontros Casuais - Part XIII



Centrou-se no trabalho com todas as forças do seu corpo e espírito, ainda que este se rebelasse contra isso muitas vezes.
A fúria que sentira ao tomar conhecimento do esquema que o levara a conhecer Sofia ainda não se havia dissipado totalmente. Mas durante o dia conseguia lidar com isso. A noite, essa, era outra história bem diferente.

Os dias passaram de forma algo dormente e, depois de várias tentativas por parte de Sofia de se explicar, ela havia-se afastado completamente. Afinal era isso que ele queria.
Só não sabia até que ponto isso seria mesmo verdade.

Debruçou-se sobre o vidro da janela do avião e observou o mundo lá fora. Este era um daqueles momentos em que voltava ao mesmo. Em que ela não lhe saía do pensamento, em que a tentava perdoar, que tentava compreender. Soltou um pouco o cinto para se sentir menos asfixiado.
E depois pensava em Pedro, o seu suposto melhor amigo, que não tinha encontrado ninguém melhor do que a sua própria ex-mulher para comer.
Nem queria acreditar na quantidade de traições de que fora alvo. Só alguém muito estúpido para se permitir algo semelhante. Como se tinha permitido ser tão cego?
Teria Sofia andado envolvida com Pedro também? Riu-se da constatação do facto de ter sido um verdadeiro palhaço perante toda esta história. Definitivamente não havia qualquer perdão ou compreensão possíveis.

As férias haviam sido a única alternativa para não dar em doido e para tentar esquecer os últimos acontecimentos da sua vida. Além disso não se recordava da última vez que tinha tirado férias. Mal podia esperar para que o avião levantasse voo.
Na classe executiva, onde se encontrava, só haviam mais 4 lugares ocupados, dois homens de negócios nas filas do lado e um casal, talvez recém casado, à sua frente.

A assistente de bordo ofereceu-lhe uma bebida e Rafael optou por uma água com gás. O casal à sua frente beijava-se lascivamente. Voltou a cabeça de novo para a janela.
Ouviu o capitão instruir a equipa para se preparem para a descolagem. Reajustou o cinto e endireitou a cadeira.

O avião estava prestes a levantar voo e Rafael sentia que a sua vida também.

5 Sentidos

Será que haverá alguém que não goste de música?
Penso que, de uma forma ou de outro, de um estilo suave ou mais pesado, a música é algo que faz parte de nós. Muitos de nós associam música a momentos, a pessoas ou a vivências.
Eu gosto de música por aquilo que ela me faz sentir. Gosto de me entregar aos ritmos e notas que despertam mil e um sentimentos em mim: felicidade, tristeza, saudosismo ou melancolia.
E imaginar um mundo sem música, é imaginar um mundo mais triste e frio.
A música dá-me energia no trabalho e acalma-me ao final da tarde. É algo presente todos os dias na minha vida.
E nem sequer preciso cantá-la… basta-me tão somente ouvi-la.

*Pic by Deviantart

Estado de Espírito

Gosto tanto...


Estamos prestes a entrar numa das minhas alturas preferidas do ano. A época pré-natal.

As decorações, ainda tímidas, lá vão aparecendo, o frio começa a sentir-se e o fumo e cheiro das castanhas assadas encontra-se em casa esquina da cidade.
E todos os anos, sem excepção, penso para com os meus botões “É este ano que vou comer castanhas até rebentar”. E claro, acabo por nunca o fazer. O que é triste, muito triste… mas adiante.

Hoje em dia tanto se fala no grau de consumismo que nos afecta a todos, levando-nos a relegar para segundo plano o que realmente importa. Especialmente numa época festiva que deveria ser de reflexão espiritual acima que qualquer outra coisa. Mas será mesmo assim?
Eu culpada me confesso. Acabo por comprar demasiados presentes e gastar dinheiro em decorações e outros que tais que acabam por ser não mais que coisas supérfluas.

Já tentei não ser assim. Infelizmente (ou felizmente) não consigo. 

É que eu sou daquelas pessoas que acreditam naquela máxima (e velho cliché) de que não deve ser apenas numa altura como o Natal, que devemos ser pessoas melhores e mais preocupadas com o próximo e com os que nos rodeiam. Essa parte eu não guardo para o Natal. Essa parte – e isto sim é muito mais complicado do que evitar cair na tentação dos gastos supérfluos com presentes – é algo que me acompanha no dia a dia, hora a hora, segundo a segundo. Mesmo que nem sempre o consigo como deveria.

Por isso, na fase da época natalícia eu entrego-me. Volto a ser criança, vivo a emoção e espírito das festividades de forma apaixonada sem culpas nem remorsos. 

E gosto tanto desta altura do ano...

Profunda Tristeza


Fiquei deveras chocada com isto.
E porquê?
Não apenas pela brutalidade do acto em si, não apenas pelo facto de alguém ser capaz de fazer algo assim e sair dali como se nada fosse, não apenas pela frieza e ignorância das pessoas que nada fizeram e optaram por seguir a sua vidinha como se nada fosse.
Fiquei chocada pela constatação óbvia de que todos nós estamos, diariamente, sujeitos a morrer de forma estúpida e inconsequente.
Eu tenho o defeito de reclamar – como reclamou a infeliz enfermeira – perante atitudes que considero incorrectas. Sou incapaz de me calar porque acredito que não me devo calar.
Claro que, perante uma situação destas, qualquer um se questiona se realmente valerá a pena. Porque na verdade simplesmente não sabemos que género de pessoa está do outro lado.
Hoje as pessoas não medem os seus actos, hoje não existe qualquer tipo de respeito pelo próximo ou pela condição mais fraca de alguém. Hoje é mais importante descarregarmos as nossas frustrações num qualquer desconhecido do que aceitarmos que errámos e pedirmos desculpa.

E é assim. É a realidade a que estamos sujeitos. Qualquer um, do nada, pode dar-nos um soco – ainda que sem consciência completa das verdadeiras implicações e consequências que isso possa ter – e terminar, ali, com a nossa frágil vida.

Estou deveras chocada.
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