Hoje em dia as pessoas têm uma certa tendência para se autoproclamarem como altos moralistas e falsos santos, quando na verdade não passamos de uma sociedade altamente hipócrita.
Refiro-me, neste post em particular, à questão da importância do dinheiro.
Em várias situações me tenho deparado com pessoas que, metaforicamente falando, “choram” o dinheiro que poderiam ter de despender – e na verdade as que “choram”, ou despendem forçosamente ou não despendem de todo – em coisas importante mas que não lhes são directamente benéficas, ou benéficas a curto prazo.
Refiro-me a coisas de baixo custo até, como por exemplo, pagar uma entrada num museu, pagar uma taxa num hospital público, suportar um aumento na conta da água, apadrinhar uma criança num país onde a miséria é lei ou pagar meia centena de euros em algo que pode beneficiar terceiros.
Efectivamente as pessoas desculpam-se que o dinheiro não chega para tudo, que meia centena de euros faz muita falta para outras coisas que não as mencionadas acima (ou outras semelhantes). Mas será mesmo assim? Ou seremos apenas uma sociedade completamente absorvida no seu próprio egoísmo e comodismo?
Somos cada vez mais – e isto é ponto assente – uma sociedade consumista. E somos consumistas para nós próprios.
Damos dinheiro por coisas fúteis e inúteis que na realidade não nos fazem assim tanta falta, vamos ao cinema e pagamos uma maquia estupidamente elevada para ver um filme mas não reclamamos. Compramos milhentas roupas e brinquedos aos nossos filhos que por lá ficam esquecidos ao fim de algum tempo, compramos esterilizadores de biberões porque é mais cómodo do que ferver água como faziam as nossas avós, compramos carrinhos e alcovas e ovos e mais uma série de coisas que nem sabemos bem as diferenças entre eles.
Pagamos sem qualquer problema preços abusivos por LCDs, playstations ou telemóveis e não reclamamos pelo simples facto que isso nos trará um beneficio directo.
Mas continuamos sob a máxima de que o dinheiro faz falta para coisas mais importantes. E seremos sempre, e cada vez mais, assim. O que importa é a nossa própria satisfação, o nosso conforto e usamos como capa protectora a fraca desculpa de que somos uns pobrezinhos que praticamente vivemos na miséria. E só por isso é que reclamamos quando temos de dar dinheiro por algo importante. E pior do que isso, desculpamos também os outros numa tentativa de não nos sentirmos os únicos.
É que ajudar os outros ou ajudar a nossa sociedade não faz parte dos nossos planos ou objectivos do mês, porque o dinheiro faz falta para outras coisas.