Para cabra... Diaba!
Razão ou Frustração
Silêncio por favor!
Não, o silêncio não é de todo ansiado. O silêncio transporta-nos aos nossos próprios pensamentos, aos pensamentos gritantes e não menos fastidiosos que nos atormentam e nos fazem dar conta de como somos mesquinhos e insípidos.
O silêncio é para ser quebrado, as palavras devem ser expelidas de forma inóspita e rápida antes que nos sufoquem atravessadas na goela.
E todos os motivos - ainda que sem razões - são desculpas aceitáveis para quebrarmos o silêncio que tanto nos incomoda. Porque nesse silêncio é que não podemos ficar, porque os sentimentos que nos fazem definhar devem e têm de fazer definhar outros que não nós mesmos.
E se ao menos nos sustivéssemos uns momentos no silêncio, poderíamos quiçá constatar que o silêncio é libertador, é apaziguante, é rejuvenescedor. Que sara muito mais do que palavras ensurdecedoras e amargas.
Também eu já fui assim, conhecedora de todas as verdades exactas do universo. Senhora da razão e do ímpeto de proferir exactamente o que os outros mereciam ouvir. Senhora da honestidade directa ainda que cruel, porque comer e calar é que nunca, jamais.
Hoje vejo o mundo à minha volta de forma diferente. Aprendi a embarcar o silêncio quando nada mais me é pedido. Porque eu sempre fui amiga intima dele e porque os demais têm o direito de, também eles, o serem. Aprendi a não regurgitar palavras estéreis e podres apenas para me sentir melhor no imediato – mas nunca mais para além disso.
E sabem que mais? O silêncio só me trouxe felicidade, calma e tranquilidade. Embraço-o de forma leve e solta sabendo que, afinal, o silêncio não é de estanho ou latão, nem tão pouco de cobre ou de prata mas que é mesmo, completa e intrinsecamente, de ouro.
Primo Moduli - capitulo 17
(Uma parceria by Louise & Ulisses)
*Pic by deviantart
Idealistas
Mas afinal, parece que não foi bem assim. Éramos jovens, tivemos as nossas tentações como todas as gerações devem ter, tivemos a nossa quota de irresponsabilidade e gozo, mas afinal não nos saímos assim tão mal.
Independentemente do que possam dizer, e eu sempre acreditei nisto desde adolescente, nós não fomos a geração rasca. Os que conseguiram sobreviver à miríade das drogas e outros que tais tornaram-se adultos com ambições e sonhos, e ainda que as dificuldades dos tempos que correm pareçam abalar esses mesmos sonhos, a perseverança e fé não são destronadas.
Somos uma geração de idealistas. Acreditamos no que é correcto e nos valores e princípios éticos e morais. E muitos poderão dizer que não, que estou enganada e que hoje em dia os valores se perderam e a moral está ultrapassada. Mas eu não acredito nisso.
Não acredito simplesmente porque não é isso que eu vejo. O que eu vejo são pessoas que lutam no dia a dia para fazerem aquilo que é correcto, que acreditam no poder da justiça e no respeito pela liberdade do próximo, ainda que muitas vezes cometam erros. Mais vezes talvez do que qualquer um de nós gostaria.
Mas é com esses erros que aprendemos, que nos tornamos mais capazes de discernir o que tem e deve ser feito.
Eu acredito na minha geração, como acredito no poder que temos de mudar o futuro das nossas sociedades. Eu acredito que conseguiremos passar isso às gerações vindouras, ainda que por vezes nos sintamos desanimados com o encaminhamento que levam. Eu acredito nas gerações dos nossos filhos ainda que hoje sejam essas as gerações que nos parecem rascas.
Eu acredito, porque eu sou uma idealista. E eu acredito que acreditarmos é o poder que temos para fazer acontecer.
Encontros Casuais - Part XII
Sentiu-se ser empurrada de novo para o exterior da porta por Rafael mas nesse preciso momento as luzes acenderam-se. Sofia voltou-se e viu um rosto já conhecido.
- O que raio estás a fazer aqui? – Rafael praticamente rosnou as palavras, mas Sofia percebeu-lhe o mesmo alivio que também se apoderara dela.
- Pensei que não estavas cá… não era suposto estares no Porto?
Pedro parecia completamente atónito por vê-lo ali, mas que raio? Aquela era a sua casa! Havia ali qualquer coisa que não fazia sentido nenhum e Rafael queria saber exactamente o quê.
- E de onde é que tiraste a ideia que eu estaria no Porto? – Pedro passou a mão pelo cabelo num movimento efectivamente nervoso.
Antes que pudesse responder-lhe, uma mulher vestida apenas com uma toalha de banho aproximou-se. Foi então que Rafael, após uma inspecção mais atenta, notou que Pedro estava com a camisa abotoada até meio e completamente descalço.
- Fui eu que lhe disse. Foi a única maneira de o convencer a usarmos a tua casa.
Rafael sentiu-se descrente ante a situação que se lhe afigurava à frente. Ali, na sua própria casa, o seu melhor amigo e a sua ex-mulher.
Honestamente nem sabia o que dizer, o que pensar, apetecia-lhe rir do ridículo que tudo aquilo, fosse lá o que aquilo fosse, lhe parecia.
- Escuta… - Pedro tentou falar, mas neste momento Rafael não lhe apetecia ouvir explicações ou desculpas.
- Acho que o melhor que tens a fazer é saíres o mais depressa possível e levares essa senhora - e quando digo senhora estou a ser o mais politicamente correcto que consigo neste momento - contigo.
- Rafael, deixa-me só… - Pedro tentava a todo o custo desculpar-se
- Porra Pedro… logo tu?! Sai! Sai e leva-a daqui para fora.
Rafael lembrou-se que Sofia se encontrava ali e, sem perceber muito bem porquê, isso fê-lo sentir-se mais seguro e protegido da situação acre com que teria de lidar quer quisesse ou não. Mas não lidaria agora. Quase que reflexivamente apanhou a mão de Sofia com a sua.
- Saiam já! – repetiu.
- Vou só trocar-me se não te importas.
Sofia sentia a tensão de Rafael. Mais do que isso sentia a dor nele. A dor da traição, de mais uma traição. Queria agarrá-lo e protegê-lo mas sabia que não o podia fazer.
Ficaram os dois ali à porta enquanto Pedro e Raquel foram buscar as suas coisas. Nenhum dos dois disse nada. Sentia-lhe a respiração pesada, tal como o ar tenso que do nada se havia formado. Tinha uma expressão falsamente serena ali parado com uma mão dentro do bolso das calças e, não fosse o sentir da outra mão dele a apertar a sua, quase sentiria medo de Rafael.
Após o que pareceu um tempo infindável, Pedro e Raquel regressaram.
- Desculpa. – A palavra saiu num sussurro demasiado envergonhado enquanto Pedro saía pela porta.
Raquel seguiu-o, mas deteve-se antes de transpor a porta. Olhou por cima do ombro para Sofia, num olhar de completo desprezo e desdém
- Não sabia que agora também trazias as tuas putas para casa…
Antes mesmo que algum deles se apercebessem, Rafael lançou uma mão ao pescoço de Raquel e, com uma força demasiado bruta, empurrou-a à porta.
- A única razão porque não te parto já aqui a cara toda é o eu não bater em mulheres. Mas volta a chamar-lhe isso e nem o facto de não teres tomates te safa.
Raquel soltou-se dele de forma brusca.
- Estás tão enganado acerca da tua companhia! – as palavras saiam-lhe como veneno e Sofia soube, antes mesmo que ela terminasse, o que se seguiria. – O melhor é perguntares-lhe como é que ela te descobriu. – Raquel saiu com apenas aquelas palavras. Palavras que Sofia sabia lhe custariam demasiado caro.
O preço a pagar ainda não sabia exactamente qual seria.
Mas, pela forma como Rafael a olhou, soube que talvez não tivesse forma de o pagar.
*Pic by deviantart
Impressionante!!!
Primo Moduli - Capitulo 15
Depois de uma quase longa viagem, Jorge parou o carro. Não tinha seguido para o hotel. Estavam no meio de nenhures, não se avistavam casas ou edifícios de qualquer género.
Isabel sentia-se tremer por dentro como se estivesse prestes a cometer uma loucura. E que pensamento ridículo esse. Estava com o seu marido afinal de contas. Ou estaria na verdade com alguém que não conhecia de todo?
Sem dizer nada abriu a porta do carro e saiu.
Isabel hesitou. Teria Jorge mudado de ideias? Teria ela julgado perceber nele sentimentos que existiam apenas nas suas divagações?
Abriu a porta e saiu disposta a confrontá-lo. Não, não iria confrontá-lo. Iria lutar com todas as armas que tinha para o reconquistar. Afinal, se ele estava ali com ela depois de tudo o que se passara certamente ainda havia esperança. Por mais ínfima que fosse.
Deu a volta ao carro e aproximou-se dele, mas antes que pudesse dizer fosse o que fosse, Jorge agarrou-lhe o braço e puxou-a para si.
Pela primeira vez Isabel sentiu paixão num beijo de Jorge e isso apenas fez com que sentisse o desejo incendiar o seu corpo. Respondeu-lhe na mesma medida. Sem amarras, sem obrigações, sem preocupações com o que quer que fosse a não ser eles dois.
O beijo dele intensificou-se e sentia-lhe as mãos deslizarem pelo seu corpo como se fosse a primeira vez que a tocava… sentia-se tal como a música de Madona… ‘touched for the very first time’.
Sem se aperceber soltou uma risadinha. Jorge parou os beijos e olhou-a de forma intrigada. Mas não lhe perguntou nada. Limitou-se a partilhar do riso dela enquanto lhe mordiscava os lábios, o pescoço, os ombros…
Isabel gemia de prazer ante uma descoberta completamente estranha mas bem vinda e, à medida que os seus gemidos aumentavam, a intensidade dos beijos e toques de Jorge também.
Apercebia-se agora que nunca se tinha realmente entregado a ele. Apercebia-se que ele nunca tinha realmente querido levá-la ao êxtase.
Mas queria fazê-lo agora, ambos queriam, e isso fazia-a sentir uma excitação para lá de mensurável.
Ele deslizou uma das mãos por dentro das coxas dela ao mesmo tempo que, com a outra, lhe acariciava um seio e lhe mordiscava a orelha.
E a vergonha, essa, abandonou-se no preciso instante que o corpo lhe pedia mais… mais perto… mais forte… mais dele…
- Jorge, não aguento mais… - disse-lhe ofegante
E ele cedeu aos desejos dela, levando-a num clímax de sensações que Isabel julgou estilhaçar-lhe todo o seu ser.
Lentamente recuperou um pouco do fôlego. Abriu os olhos e viu Jorge com uma expressão de puro desejo no olhar.
- Ainda agora começámos – disse-lhe…
(Uma parceria by Louise & Ulisses)
*Pic by deviantart
Saudades
E é por isso que, ainda hoje, quando vejo os mais novos pintados sorrio-lhes sempre. Porque imagino o género de sensações que estarão a sentir por dentro. Porque me faz sentir saudades. Porque sei que para muitos é de facto uma vitória estarem a ser assim pintados.
Pic retirada daqui
"A sério?!?"
E no meio de todo este processo aparentemente inofensivo alguém se esquece que, não raras vezes, o alvo dos boatos é alguém que sofre com isso.
Quer porque o que é não o é, quer porque gostaríamos que na realidade fosse.
O encanto mesmo ao lado.
Isso é algo que eu faço muitas vezes e, se por vezes opto por fazer um pouco de praia, outras vezes há em que opto por visitar monumentos históricos ou vilas/cidades pitorescas.
Um programa que ajudou, sem qualquer dúvida, a relaxar da semana de trabalho e que permitiu inspirar ar puro e revitalizar os sentidos.
Cada pedacinho - para Fábrica de Letras
Recordo com carinho e um nó na garganta como trazias sempre a bata e o cabelo salpicados de farinha, como talhavas a couve de forma suave e perfeita sentada no vão da escada. Recordo o cheiro a pão que trazias sempre contigo e as pombinhas que nunca te esquecias de me fazer.
Acima de tudo recordo-te a ti.
E hoje, cada uma das tuas linhas vincadas, são tão somente cada pedacinho dos momentos que partilhaste comigo e do enorme amor que sinto por ti. E sei que um dia, muito depois de partires, serei eu a possuir cada um desses pedacinhos.
Ainda não partiste e já sinto a tua falta. Mas quando partires sentir-te-ei sempre junto a mim.
Descanso ou Memórias?
Porque no final de contas são esses momentos que fazem da nossa vida aquilo que ela é, são esses momentos que nos definem e à nossa felicidade. São esses mesmos momentos que nos dão ânimo e alento quando não temos essas pessoas por perto.
E é por isso que, para mim, aquilo que mais gosto nas férias são as memórias que guardo delas.
Encontros Casuais - Part XI
Inspeccionou os bilhetes que tinha na mão. Não se recordava da ultima vez que tinha comprado bilhetes para assistir a um concerto em companhia feminina. Provavelmente ainda nos tempos de universidade, antes de Raquel.
Não sabia porque se estava a deixar levar na rede de sedução de uma mulher. Mas sabia que não queria resistir a isso. Queria estar com Sofia e, por agora, não queria pensar em porquês ou para quês.
Não demorou muito a reconhecer-lhe a silhueta quando ela entrou no restaurante. Tinha marcado este jantar com ela e resolvera surpreendê-la com os bilhetes. Ela aproximou-se, cumprimentou-o com um beijo que soube a pouco e sentou-se em frente a ele.
No carro ela provocava-o com caricias e beijos demorados. Pisou o acelerador mais fundo na ânsia de encurtar a distância.
Estacionou o carro na garagem o mais rápido que conseguiu e entraram no elevador colados um ao outro. Assim que chegaram ao piso de Rafael, Sofia meteu a chave na fechadura enquanto Rafael a desconcertava colando-se a si e brincando com o seu pescoço. Provocava-lhe cócegas e ela ria enquanto lutava com a chave.
Entraram aos tropeções pelo corredor e, em apenas alguns segundos, Rafael percebeu que algo não estava bem.
Havia mais alguém dentro da sua casa.
Já não era sem tempo
Mas é que as férias estavam tão boas... mas como tudo o que é bom acaba depressa, as minhas voaram à velocidade da luz.