Há várias alturas na nossa vida em que temos de tomar decisões criticas: o que queremos fazer quando formos grandes, se queremos mesmo casar com aquela pessoa, se vamos ou não manter aquele amigo na nossa vida ou se cortamos a relação com ele, comprar ou arrendar casa, ficar pelas origens ou emigrar.
Mas julgo que a decisão mais importante que poderemos ter na nossa vida é se vamos ou não ter filhos. Todas as outras decisões podem, de forma mais ou menos fácil, ser revertidas ou alteradas. Mas a decisão de termos um filho não. Nunca e jamais. A partir do momento em que decidimos conceber uma vida, essa ficará para todo o sempre ligada a nós – de uma forma ou de outra.
E esta decisão tem, obrigatoriamente, de ser muito bem pensada e analisada. Porque ter um filho muda tudo. Mais do que tudo o resto, muda o centro do nosso universo. E é aqui que reside o grande busílis da questão. Deixamos de nos poder centrar apenas em nós, nas nossas próprias necessidades, nas nossas vontades e desejos, porque agora existe alguém que precisa que o façamos por ele.
É, por isso, importantíssimo que, quando decidimos ter um filho, saibamos que iremos abdicar dessa exclusividade de egocentrismo.
E obviamente que, ter um bebé, não significa esquecer tudo o resto à nossa volta. Não significa, e nem pode significar, que deixamos de ser mulheres/homens com necessidades e vontades, que não possamos fazer o que gostamos, que não continuemos a ter uma relação com romance, que não tenhamos momentos ocasionais sem os filhos.
Mas tudo isso deixa de ser feito numa base puramente egoísta, para uma base muito mais ponderada e calculada. Fundamentalmente, mudam as prioridades.
E é essa consciência que é peremptório ter. E porquê? Para que a maternidade/paternidade sejam saboreados em toda a sua plenitude. Sem remorsos, culpas ou grilhões.
Porque a partir do momento em que deixamos de ser egoístas, toda a vida parece fazer muito mais sentido.