Aqui o diabo dentro de mim é livre para se soltar, para se revelar… sem medos… sem pudores… sem castrações. Aqui , caros leitores… aqui o diabo Quer, Pode e Manda!
As suas linhas já há muito haviam sido traçadas. Ele sabia-o. Sabia que por mais que tentasse lutar contra isso, os seus esforços seriam irremissivelmente gorados de forma curta e directa. Estava definido que assim seria e só lhe restava resignar-se à sua própria predestinação.
Já deixara de se sentir desprezado, humilhado e rejeitado. O rancor, esse, receava que ficasse para sempre mas depois da negação e incredulidade vinha o estado de torpor e clareza que agora abarcava de braços abertos.
Os seus negócios e os poucos amigos seriam o seu subterfúgio. Não precisava de mais nada, não precisava dela nem de outra qualquer. Não precisava de voltar a ser ridicularizado. Jamais voltaria a ser ridicularizado, isso sim era algo que ele garantia no seu previsível futuro.
Pousou a última caixa no chão. Naquele chão frio e limpo que agora seria o seu chão e o de ninguém mais. Tinha trazido muito pouco consigo, não queria nada que pudesse avivar as memórias de uma vida que já não era a sua, que não tinha passado de uma fraca e reles mentira, de uma vida já extinguida.
As poucas caixas que se amontoavam na sala do seu novo apartamento luxuoso e silencioso continham os livros e CDs que ela, muito autoritariamente, tinha despejado na garagem. A roupa viria depois, se viesse. Talvez comprasse roupa nova para não ter de sentir o cheiro dela que agora o enojava.
Sim, compraria roupa nova.
Não se sentia com paciência para arrumar o conteúdo daquelas caixas. Pegou no iPhone para ligar ao seu velho amigo Pedro, mas ficou a olhar para ele na sua mão. Prenda dela no primeiro aniversário de casados. Provavelmente fora o outro a escolhê-lo.
Calmamente desmontou-o e retirou-lhe o cartão enquanto se dirigia à cozinha. Abriu o caixote do lixo e atirou para lá as peças. Não lhe interessava guardar nenhum conteúdo que lá teria. Afinal, queria livrar-se de qualquer ligação a essa outra vida.
Meteu o cartão ao bolso das calças do fato e pegou nas chaves do carro. Iria comprar um novo telemóvel e depois beber um copo. Quiçá então ligasse ao Pedro.
9 Diabruras:
Gosto mesmo muito deste recomeço!
Excelente!
Obrigada Nuance. Continua a acompanhar que este vai ter seguimento ;)
Agora fiquei curiosa...
Apetece ler mais!
Um bj grande
Com um copo... ou dois, é sempre melhor.
Muito bem, Dona Louise. Aguardamos o resto da história :)
Sofia, a ideia é mesmo essa ;)
johnny, os que forem necessários.
Kika, stay tunned :P
Niceeeee!
Adorei a maneira como (d)escreves.
Mesmo!
:)
Ulisses, obrigada :) Espero que continues a acompanhar e a dar a tua opinião... Mesmo!
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Agradeço desde já tudo* aquilo que o diabo dentro de ti possa ter para dizer...
*excepto tudo aquilo que o diabo dentro de mim não concordar