Deu por si caída na relva, com aquele pedaço de papel amachucado na mão e as lágrimas, já secas, no rosto. No fundo sabia que isto iria acabar por acontecer, sabia que um dia regressaria a casa para receber a notícia que tanto temia. Ele nem tivera a coragem de lhe dizer na cara o que lhe ia na alma.
Ao invés colocara em papel palavras vazias e estranhas que lhe dilaceraram o interior. Era inevitável, supunha. E ela tentara minimizar a importância daquela folha quando ele lha entregara, numa última tentativa de o demover daquilo que sabia que estava prestes a fazer. E que não teria retorno possível.
Mas e agora? O que lhe restava agora? Olhou na direcção da porta aberta, da porta da casa que agora se agigantava sobre si, e sentiu-se quase sem forças. Não queria enfrentar aquilo, não era justo que o destino a obrigasse a isso.
Subitamente deu-se conta que, apesar de tudo, se sentia aliviada. Já não tinha nada a temer porque afinal o seu mundo perfeito acabara de se desfazer. Os dias repletos de dúvidas acabariam, as incertezas sobre se ainda restaria alguma esperança cessariam e já não teria de se perguntar se ele ainda a amava. Agora já sabia as respostas a todas essas questões.
Levantou-se determinada a não ceder à depressão que teimava em querer apossar-se de si. Não se iria agarrar a esperanças vãs, não iria continuar agarrada a algo que já terminara há muito tempo.
A revolta começava agora a irromper do fundo do seu ser. Tinha-lhe dado tanto de si, tinha abdicado de tudo por ele, para que o casamento terminasse assim, com uma carta… sem palavras… sem sequer um pedido de desculpas.
Entrou de rompante em casa, pegou na mala e nas chaves do carro que deixara cair ao chão aquando da leitura da carta, e voltou a sair.
Uma vez no carro ponderou as suas possibilidades. Não podia recorrer à família mais próxima, não estava de todo preparada para o chorrilho de perguntas que tinha a certeza que lhe seriam colocadas. A melhor amiga encontrava-se ausente da cidade e não confiava em mais ninguém para confidenciar tal escândalo na sua vida. Ainda assim não queria voltar a entrar naquela casa, sabia que lhe seria demasiado doloroso.
E foi então que, sem saber bem como ou porquê, ele lhe veio ao pensamento . E num breve segundo todos os problemas, toda a antecipação do escândalo e do sofrimento passaram a ser uma realidade paralela. Sentiu-se à parte daquela vida, queria estar num plano que não aquele.
A escolha não foi, de todo, difícil. Sem sequer se aperceber estava parada no local do qual tanto tinha lutado para se manter afastada.
(Continua... Aqui)
(Uma parceria by Louise & Ulisses)
10 Diabruras:
Louise,
Deixa-me só reiterar-te uma coisa:
Está a ser um verdadeiro prazer escrever em conjunto contigo.
Obrigado
:)
isto está a correr bem! =D
Ulisses e Louise,
Deixem-me só frizar isto. Vocês são as duas pessoas, de todos aqueles que li até hoje na blogosfera que melhor escrevem. E esta parceria não poderia ser melhor. Deveria ser lida por muitas mais pessoas.
Louise,
Adorei a parte final, into promete...
Ulisses, obrigada eu ;)
Roxane, concordo contigo... :D
Vera, muito obrigada e penso que posso falar pelos dois.
A história está muito interessante.
Parece-me que esta vossa parceria tem tudo para dar certo ;)
Beijinhus
Agora o Ulisses que continue...depressa...
tem leitores ávidos à espera:)
Bj para os dois
Hum... a mente tem ideias más. Lembra-nos de pessoas que julgáramos esquecidas num momento inimaginável.
Gosto gosto, continuem...
uma espécie de eterno retorno?
Já nem me lembro da última vez que saí para jantar... bem acompanhada, digo.
Bj*
o link está para a página principal, não para a continuação do texto. o link correcto será http://aluxuriadeulisses.blogspot.com/2010/07/primo-moduli-capitulo-4.html
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Agradeço desde já tudo* aquilo que o diabo dentro de ti possa ter para dizer...
*excepto tudo aquilo que o diabo dentro de mim não concordar